CONSTANÇA REZENDE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Segundo o relatório final da investigação sobre a ‘Abin paralela’, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), apontado como parte central do esquema clandestino de espionagem na agência, desempenhou um papel de liderança na estratégia de desinformação e na organização de grupos secretos.
De acordo com a Polícia Federal, Carlos foi um dos principais responsáveis pela criação e manutenção do chamado ‘gabinete do ódio’, utilizado para atacar supostos adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O investigado está no centro das ações ilegais da organização criminosa e, segundo testemunhas, foi o criador da ‘inteligência paralela’, composta por um delegado e três agentes, por não confiar nas estruturas oficiais”, afirma a PF.
O relatório aponta que as informações produzidas pela estrutura paralela foram usadas para atacar opositores políticos, instituições democráticas, especialmente o Poder Judiciário e o sistema eleitoral, e também para promover a agenda do grupo.
A PF destacou ainda que uma das funções da contrainteligência seria proteger a família do núcleo político de investigações oficiais, contando com o apoio de Alexandre Ramagem, então diretor da Abin e atual deputado federal pelo PL, para obter informações sobre investigações em andamento na PF.
A polícia também ressaltou que campanhas de desinformação eram amplificadas pelo núcleo político para obter vantagens eleitorais, desacreditando o sistema eleitoral e atacando adversários.
“Carlos Bolsonaro afirmou, reafirmando sua posição, que era responsável junto com Jair Bolsonaro pelas redes sociais deste, plataformas usadas sistematicamente para espalhar desinformação e atacar opositores. Provas envolvendo sua assessora reforçam a participação direta do investigado em campanhas para desacreditar o processo eleitoral”, explica a Polícia Federal.
Carlos foi indiciado pelo crime de organização criminosa armada. A PF decidiu não indiciar Jair Bolsonaro por esse crime, pois já existe processo judicial em andamento relacionado a essa conduta.
No entanto, o ex-presidente foi incluído no núcleo político da organização criminosa responsável pela conduta ilegal atribuída à agência.
Após a divulgação do indiciamento, em sua conta no X, Carlos sugeriu que seria alvo de perseguição: “Alguém duvidava que a PF do governo Lula faria isso comigo? A justificativa vocês já conhecem: eleições em 2026? Acho que não! Deve ser só coincidência!”.