O vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, se manifestou nas redes sociais na terça-feira, 17, depois de ser alvo de investigação pela Polícia Federal (PF) no caso chamado “Abin Paralela”, que trata de espionagem contra opositores durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Na sua rede social X, Carlos Bolsonaro ironizou: “Alguém tinha dúvidas que essa seria a ação da PF sob o comando do Lula?” e questionou a motivação: “Justificativa? Imagino que todos saibam: eleições em 2026? Acho que não! Apenas coincidência!”
Carlos Bolsonaro espera disputar uma cadeira no Senado por Santa Catarina, estado onde obteve vitória sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tem forte apoio governamental.
A PF concluiu a investigação sobre a utilização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal. Além de Carlos Bolsonaro, outros citados são seu pai, Jair Bolsonaro, e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin.
A investigação atingiu também o atual comando da Abin, incluindo o diretor-geral, delegado federal Luiz Fernando Corrêa, indicado pelo presidente Lula, e seu segundo, Alessandro Moretti.
Luiz Fernando Corrêa, aliado do PT, já comandou a Polícia Federal no segundo mandato do Lula. A PF acredita que houve colaboração entre a gestão atual da Abin e a anterior para ocultar ações ilegais de monitoramento.
O inquérito aponta que a Abin foi usada para espionagem ilegal visando interesses políticos e pessoais da família Bolsonaro.
Em outubro de 2023, a Operação Última Milha foi desencadeada pela PF, ligada ao software espião FirstMile, que teria sido usado cerca de 60 mil vezes entre 2019 e 2023, com maior intensidade no ano das eleições municipais de 2020.
Em janeiro de 2024, a residência de Alexandre Ramagem sofreu buscas na Operação Vigilância Aproximada.
Bolsonaro e Ramagem enfrentam ação no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Abin foi usada para criar dossiês caluniosos sobre o sistema eletrônico de votação.
O caso ficou conhecido como “Abin Paralela”. A Abin tem a função de produzir informações estratégicas para o Palácio do Planalto.
A PF identificou que uma estrutura paralela da agência servia para ações do “gabinete do ódio”, revelado em 2019.
Esse grupo, liderado por Carlos Bolsonaro, atuava para difamar adversários políticos e espalhar fake news.
Entre os alvos do monitoramento ilegal estavam ministros do STF como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, além do ex-governador João Doria e deputados federais como Arthur Lira e Rodrigo Maia.