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domingo, 28/09/2025




Cannabis no cuidado de pets: benefícios e usos

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Cannabis no cuidado de pets: benefícios e usos

Nos últimos anos, o uso da cannabis para tratamentos veterinários tem ganhado importância, principalmente devido ao canabidiol (CBD), um dos componentes terapêuticos da planta. Estudos e relatos clínicos apresentados aqui indicam que o CBD pode ser uma alternativa eficaz para aliviar dores crônicas, convulsões e ansiedade em animais de estimação. Conversamos com especialistas que confirmam que esse tipo de tratamento é uma opção segura para melhorar a qualidade de vida dos pets.

Evidências científicas: o impacto do CBD em cães e gatos

Um estudo da Universidade de Cornell, realizado em 2018, foi pioneiro ao analisar os efeitos do CBD em cães com artrite, mostrando uma redução significativa da dor e melhora na mobilidade em até 80% dos casos. Isso reforça o potencial do CBD para tratar problemas musculoesqueléticos comuns em cães idosos ou com condições crônicas.

Priscila González, médica veterinária especialista em canabinoides na Clinipet, compartilha sua experiência clínica, destacando resultados positivos no tratamento de dores oncológicas, convulsões difíceis de controlar, inflamações intestinais e dermatites persistentes.

Ela também tem tido sucesso no manejo da cistite idiopática em gatos, substituindo a gabapentina pelo CBD e aumentando os intervalos entre as crises urinárias.

Um estudo de 2021, publicado na Frontiers in Veterinary Science, mostrou que o CBD reduz significativamente sinais de ansiedade em cães, promovendo mais calma e melhor adaptação às situações diárias.

Como o CBD age nos pets

O CBD funciona em humanos e animais ao interagir com o sistema endocanabinoide (SEC), presente na maioria dos mamíferos. Esse sistema regula funções vitais como dor, inflamação, humor, apetite e resposta imunológica.

O CBD modula dois principais receptores:

  • CB1: localizado principalmente no sistema nervoso central, ligado aos efeitos ansiolíticos e anticonvulsivantes.
  • CB2: relacionado ao sistema imunológico, responsável pelos efeitos anti-inflamatórios e analgésicos.

Diferentemente do THC, o CBD não tem efeitos psicoativos, fazendo dele uma escolha terapêutica segura para os pets.

Diferença entre THC e CBD

O THC (tetrahidrocanabinol) é o componente da cannabis que causa efeitos psicoativos, alterando o estado mental e provocando sensações como relaxamento ou euforia. Ele atua diretamente no cérebro.

Já o CBD (canabidiol), outro composto da planta, não produz esses efeitos psicoativos e é seguro, sendo amplamente avaliado para uso terapêutico em animais.

Por isso, enquanto o CBD é recomendado para cuidar da saúde dos pets, o THC não é indicado para eles.

Usos terapêuticos do CBD para pets

Priscila Alves, médica veterinária, ressalta que o CBD pode ajudar no tratamento de diversas condições, tais como:

  • Epilepsia: redução da frequência e intensidade das convulsões.
  • Dores crônicas e inflamação: alívio da artrite, aumentando o conforto e a mobilidade.
  • Ansiedade e estresse: controle de comportamentos agressivos, destrutivos ou fóbicos.
  • Doenças neurodegenerativas: melhora da qualidade de vida de pets idosos, retardando o avanço de doenças cognitivas.
  • Náuseas e vômitos: especialmente útil em pets passando por quimioterapia ou com problemas gastrointestinais.
  • Regulação do sono: melhora da qualidade do sono em animais com insônia ou distúrbios do sono.
  • Fortalecimento do sistema imunológico: equilíbrio da resposta imunológica, auxiliando no tratamento de doenças autoimunes.

O CBD é geralmente bem tolerado, embora efeitos colaterais possam ocorrer, como:

  • Sonolência leve em doses altas.
  • Alterações gastrointestinais, como diarreia ou vômitos ocasionais.
  • Boca seca, levando a maior consumo de água.
  • Possíveis alterações na função hepática, necessitando acompanhamento em tratamentos prolongados.

História de sucesso: Julie e a epilepsia

Julie é uma pinscher de 4 anos que sofreu com epilepsia por dois anos e era tratada com medicamentos tradicionais que geravam muitos efeitos colaterais, como sonolência e ganho de peso. Sua tutora, Léa de Andrade, aposentada, relata que Julie perdeu qualidade de vida e energia.

Buscando alternativas, Léa pesquisou sobre cannabis medicinal para pets e, com orientação veterinária, iniciou o tratamento com óleo de cannabis. Logo as crises cessaram e Julie recuperou vitalidade, aceitando o medicamento tranquilamente e vivendo uma vida ativa e saudável.

Desafios regulatórios no Brasil

No Brasil, o uso veterinário de cannabis não é regulamentado pela Anvisa nem pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, dificultando a prescrição direta e obrigando a importação dos produtos com autorização, o que provoca insegurança jurídica para veterinários e tutores.

Perspectivas futuras da cannabis veterinária

O futuro do uso da cannabis na medicina veterinária é promissor, com avanços previstos em três frentes:

  • Regulamentação: pressão para que órgãos reguladores brasileiros liberem o uso veterinário, como já ocorre com humanos.
  • Pesquisa: aumento dos estudos para consolidar eficácia e segurança do CBD para diversas doenças.
  • Mercado: regulamentação que possibilite entrada de empresas nacionais, tornando os produtos mais acessíveis e padronizados.

Os custos variam conforme a condição clínica do pet. A consulta inicial custa cerca de R$ 200, os exames entre R$ 150 e R$ 400, o óleo artesanal aproximadamente R$ 500 e o importado pode chegar a R$ 1.200.

O CBD representa uma ferramenta complementar promissora na medicina veterinária, mas seu uso deve ser sempre acompanhado por um médico veterinário para garantir segurança, eficácia e personalização do tratamento, assegurando os melhores benefícios para cada pet.




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