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sexta-feira, 28/11/2025




Canetas para emagrecer falsas podem prejudicar órgãos, alertam médicos

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Em Brasília

LUÍSA MONTE
FOLHAPRESS

Com o aumento do uso de remédios para perder peso e a procura por cópias falsas, a Polícia Federal fez uma operação contra uma rede ilegal que produzia e vendia canetas para emagrecer com um componente chamado tirzepatida, que é usado no medicamento Mounjaro, indicado para tratar diabetes e obesidade.

Especialistas alertam que usar remédios falsificados pode causar sérios problemas de saúde. Não se sabe o que realmente há nesses produtos, que podem estar contaminados por vírus, bactérias ou fungos, especialmente se as seringas não forem estéreis. Além disso, esses remédios podem não controlar o açúcar no sangue, como deveria no caso do Mounjaro.

No Brasil, só empresas autorizadas pela Anvisa podem fabricar e vender esses medicamentos, e a venda deve ser feita apenas em farmácias mediante receita médica. A farmacêutica Eli Lilly, que detém a patente do Mounjaro, informou que não fornece tirzepatida para farmácias de manipulação, clínicas de estética, lojistas online ou outros fabricantes.

Segundo a Eli Lilly, versões manipuladas da tirzepatida não foram avaliadas pela Anvisa quanto à segurança e eficácia e, por isso, representam riscos sérios para quem as usa.

Fábio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), afirma que não há garantia de que as substâncias presentes nas canetas vendidas em clínicas sejam realmente tirzepatida, nem que estejam na quantidade correta ou que tenham sido preparadas de maneira segura.

Ele explica que a fabricação desses medicamentos requer técnicas rigorosas para evitar contaminação. Se isso não for feito direito, o frasco pode estar contaminado e a pessoa pode injetar vírus, bactérias ou fungos no seu corpo.

Moura também alerta que os efeitos dos remédios falsos no organismo são imprevisíveis, podendo causar danos a órgãos como fígado, rins e coração.

Alexandre Hohl, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), diz que os prejuízos podem variar e até levar à morte, citando casos recentes de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol.

Ele compara a situação para mostrar como produtos falsificados sem controle de qualidade são perigosos, principalmente medicamentos complexos como a tirzepatida.

Também existe o risco de o medicamento falso não funcionar para controlar o peso e o açúcar no sangue, podendo até piorar a situação.

Outro alerta é a contaminação das seringas usadas para aplicar os medicamentos. A farmacêutica Laura Marise explica que injetáveis precisam ser estéreis, e muitas farmácias de manipulação ou clínicas não estão preparadas para fabricar esses produtos com segurança.

As imagens da operação da Polícia Federal mostraram locais sujos e materiais armazenados de forma inadequada.

Sinais para desconfiar de um produto falso

  • Dor forte ou inchaço maior no local da aplicação;
  • Febre ou calafrios;
  • Sintomas fora do comum para o medicamento.

Os médicos recomendam consultar um endocrinologista ao notar esses sinais.

Moura destaca que o Mounjaro é um medicamento protegido por patente, ou seja, sua fórmula é segredo industrial, o que torna suspeita a fabricação de cópias.

Ele ainda alerta que venda direta de remédio por médicos é crime e desconfiança é necessária se isso acontecer.




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