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segunda-feira, 25/11/2024
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Câncer: recusar o tratamento é uma boa opção?

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Em Brasília

Muitos pacientes recorrem a métodos alternativos e buscam apoio espiritual ou religioso. O problema é quando o tratamento tradicional é abandonado

As doenças fazem parte de nossas vidas e querer ficar curado é o desejo de qualquer um que se enferma. Contudo, a cura depende das características da doença, dos tratamentos disponibilizados e das condições físicas do paciente. Em muitas situações, o tratamento nem sempre é resolutivo, havendo a possibilidade de apenas melhorar as manifestações da doença e, em algumas situações, nem mesmo isso.

Em qualquer caso, é importante que o paciente entenda o que pode ser feito e os possíveis resultados de cada tratamento específico. O que vale para todos é a necessidade de acreditar que o tratamento vai funcionar, num misto de fé e esperança.

Ciência x esperança

A morte do apresentador Marcelo Rezende por um câncer trouxe a público uma pergunta que certamente muitos se fizeram: é aceitável alguém declinar do tratamento que a medicina oferece e optar por outro que não tem o aval da ciência?

O homem, com seu inabalável instinto de sobrevivência, tende a se submeter ao que lhe mostram ser o melhor, mas, nos casos onde o melhor não o satisfaz, começa sua procura por alternativas, que vai desde ouvir outras opiniões médicas (o que, diga-se de passagem, é algo saudável), até submeter-se a tratamentos não comprovados. E é aí que reside o perigo!

Movidos pelo binômio esperança e fé, muitos pacientes recorrem a tratamentos alternativos relacionados com plantas, dietas e, comumente, buscam apoio espiritual ou religioso, sendo um fato que nem sempre essas opções complementares são comunicadas aos médicos. O problema é quando o tratamento do câncer é trocado por qualquer desses métodos. Tanto a esperança como a fé não podem ser cegas!

O caso Steve Jobs

Há não muito tempo tivemos a morte de um dos grandes gênios da humanidade, Steve Jobs, que recusou as opções de tratamento que a medicina lhe oferecia e, quando procurou o tratamento que antes lhe havia sido recomendado, este não pôde mais ser aplicado, em função de suas precárias condições físicas e da evolução da doença.

Steve Jobs, em 2007, durante evento na Califórnia. (Tony Avelar/AFP)

Caso muitas das ervas e dietas fossem o caminho da cura, tenham certeza que haveria uma briga de leões entre os laboratórios para tê-las em suas linhas de produção e venda, o que lhes geraria lucros na casa dos bilhões de dólares. Já o apoio espiritual é sempre bem-vindo, pois ajuda as pessoas a se entenderem melhor na sua nova vida, agora relacionada com uma doença que em geral não é simples.

Decisões baseadas em conhecimentos

As pessoas têm o direito ao livre arbítrio em relação ao tratamento de suas doenças. Cabe aos médicos orientarem seus pacientes da melhor forma possível, explicando-lhes os alcances e as limitações dos tratamentos e ajudando-os a tomar as melhores decisões. No caso do Marcelo, figura televisa com muitos admiradores, assim como no do Steve Jobs, acho que as decisões foram equivocadas, mas devo respeitosamente aceitá-las, o que não quer dizer que não possa delas discordar.

As decisões baseadas em conhecimentos gerados por milhares de pesquisadores e avaliados por rigorosa metodologia científica, tendem a ser as melhores disponibilizadas, mesmo quando os resultados não são os desejados. Assim, aceito que um paciente recuse determinadas terapêuticas ao pesar possíveis resultados e qualidade de sobrevida, mas não acho apropriado trocar o que a medicina oferece por tratamentos sem a devida comprovação científica, muitas vezes falsamente vendidos como milagrosos.

Fé e esperança ajudam, mas não resolvem quando embasadas em decisões erradas.

 

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