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sexta-feira, 07/11/2025




Câncer é a principal causa de morte em muitas cidades brasileiras

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FOLHAPRESS

O câncer já é a maior causa de morte em 670 cidades do Brasil, conforme dados do Observatório de Oncologia apresentados durante o Fórum Big Data em Oncologia, no Rio de Janeiro, com base nos registros do Ministério da Saúde de 2023.

Quase oito em cada dez municípios onde o câncer é a principal causa de óbito (76%) estão nas regiões Sul e Sudeste. O Sul representa 46% dessas cidades e o Sudeste, 30%, mostrando que a doença afeta mais fortemente áreas mais desenvolvidas e com população mais velha do país.

Embora, em nível nacional, as doenças do coração ainda sejam a principal causa de morte, o câncer tem assumido esse lugar em um número crescente de cidades. Em 2015, eram 516 municípios nesta situação, um aumento de 30% em oito anos, ou cerca de 17 cidades novas por ano.

A médica sanitarista Catherine Moura, líder do TJCC (Movimento Todos Juntos Contra o Câncer), alerta que este cenário destaca a necessidade de fortalecer a política nacional de oncologia, investindo continuamente em prevenção, diagnóstico precoce, ampliação do acesso ao tratamento e diminuição das desigualdades regionais.

“O aumento da doença como principal causa de morte em tantas cidades mostra que precisamos tratar o câncer como um problema prioritário de saúde pública, que requer investimento constante em prevenção, informação, rastreamento e políticas integradas para garantir atendimento de qualidade para todos, em todas as regiões do Brasil.”

Desde 1998, as mortes por câncer no Brasil cresceram 120%, um ritmo mais rápido que o das doenças cardíacas no mesmo período.

Segundo a epidemiologista Maria Paula Curado, do A.C.Camargo Cancer Center, esse avanço ocorre devido ao envelhecimento da população, maior acesso ao diagnóstico, e ao fato de que muitos tumores ainda são diagnosticados em estágio avançado. “Essa mudança não é igual em todas as regiões. É necessário observar as diferenças regionais e acelerar o diagnóstico e tratamento onde há maior vulnerabilidade.”

No Fórum, também foram atualizados dados sobre os custos do câncer no SUS. O câncer de pulmão teve o maior aumento das despesas desde o levantamento anterior, enquanto alguns tipos de câncer de mama tiveram redução de custos graças aos avanços nas terapias e protocolos mais eficientes.

Maria Paula Curado ressalta que é preciso mais do que ampliar exames e tratamentos. O país precisa aumentar unidades de acesso rápido em regiões menos equipadas e investir em educação em saúde. “Campanhas de prevenção são importantes, mas educar a população sobre saúde, e não apenas sobre doenças, é essencial para diminuir casos no futuro.”

Nos municípios onde o câncer já é a principal causa de morte, foram registradas 16.222 mortes em 2023, o que representa 6% de todos os óbitos por tumores no país. Os homens são 56% dessas mortes, e 77% ocorrem em pessoas com 60 anos ou mais. O câncer de pulmão continua sendo o mais letal, seguido pelos de mama e próstata no país, e pelos de mama e cólon nas cidades onde o câncer superou as doenças do coração.

Em 2022, o Brasil teve uma estimativa de 625 mil novos casos de câncer. O Observatório já publicou mais de 60 estudos desde 2015, incluindo projeções que indicam que o câncer pode se tornar a principal causa de morte no país até 2029. Nas cidades onde essa mudança já aconteceu, a transição rápida mostra tanto avanços no combate às doenças do coração quanto o desafio crescente de controlar o câncer.




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