Um estudo recente revela que o diagnóstico tardio do câncer de colo do útero eleva significativamente os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além de afetar a sobrevivência das pacientes, identificar a doença em estágios avançados exige mais internações e tratamentos médicos.
Pesquisadores da MSD Brasil, uma empresa farmacêutica global que produz a vacina nonavalente contra o HPV disponível na rede privada, alertam sobre a prevenção por imunização. No SUS, a vacina quadrivalente, que protege contra os tipos de HPV mais ligados ao câncer, é oferecida gratuitamente a adolescentes de 9 a 14 anos.
O levantamento reuniu dados de 206.861 mulheres maiores de 18 anos diagnosticadas entre 2014 e 2021, utilizando a base pública do DataSUS.
Os dados mostram que a necessidade de quimioterapia, internações e consultas aumenta conforme o câncer é diagnosticado em estágio mais avançado. Cerca de 60% dos casos são detectados tardiamente, o que amplia o impacto para o sistema de saúde no país.
Tabela resumo dos estágios do câncer no diagnóstico e tratamentos:
Estágio | Quimioterapia (%) | Internações/mês | Consultas/mês |
---|---|---|---|
1 | 47,1 | 0,05 | 0,54 |
2 | 77 | 0,07 | 0,63 |
3 | 82,5 | 0,09 | 0,75 |
4 | 85 | 0,11 | 0,96 |
O estudo destaca as desigualdades sociais e econômicas associadas à doença, observando que até 80% das mortes acontecem em países com baixa ou média renda, como o Brasil. A maioria das mulheres diagnosticadas é não branca, com pouca escolaridade e depende do SUS para o tratamento.
Segundo o estudo, “Como a maioria dos casos de câncer de colo do útero no Brasil são diagnosticados tardiamente, isso gera um grande custo para o sistema público de saúde, reforçando a urgência em incrementar a prevenção e o rastreamento da doença.”
Piora durante a pandemia
A pandemia da Covid-19 prejudicou o tratamento do câncer no SUS. Em 2020, o percentual de pacientes que fizeram apenas cirurgia caiu para 25,8%, contra 39,2% entre 2014 e 2019. Houve uma redução de aproximadamente 25% nos tratamentos com radioterapia e um aumento de 22,6% na quimioterapia isolada.
Essas alterações refletem falhas no tratamento causadas pelo colapso dos hospitais durante a crise sanitária, com possíveis efeitos negativos prolongados para a saúde das pacientes.
Prevenção é fundamental
Cerca de 99% dos casos da doença são causados por infecções persistentes do HPV. Por isso, a prevenção deve ser feita através da vacinação contra o vírus, exames regulares para identificar infecções e lesões, e tratamento precoce das lesões que podem evoluir para câncer.
No SUS, a vacina quadrivalente é ofertada para meninos e meninas entre 9 e 14 anos. Para pessoas de 9 a 45 anos com condições especiais, como HIV, tratamento oncológico ou vítimas de abuso sexual, também há disponibilização da vacina. Na rede privada, a vacina nonavalente está disponível para pessoas de 9 a 45 anos.
O estudo conclui que o impacto econômico e social do câncer de colo do útero no Brasil é grande, destacando a necessidade de políticas públicas eficazes. A expansão da vacinação e do rastreamento precoce permitirá reduzir a necessidade de tratamentos paliativos, otimizando recursos e melhorando o cuidado dos pacientes.
Informações fornecidas pela Agência Brasil.