ANDRÉ FONTENELLE
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS)
Durante o fórum Brasil-França em Paris, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou dar detalhes sobre as críticas que recebeu relacionadas ao Banco Master.
Ele comentou que críticas acontecem, citando que até nos EUA já ocorreu problemas com bancos, e destacou que saiu do Banco Central há um ano. Segundo ele, as melhores informações devem vir das pessoas que trabalham diariamente no banco, especialmente as equipes técnicas.
Campos Neto, que foi nomeado em 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro para um mandato de seis anos, encerrado em 1º de janeiro deste ano sob o governo Lula, recebeu críticas de especialistas do setor financeiro por supostamente ter cedido a pressões políticas e não ter agido diante dos sinais do agravamento da situação do Banco Master.
A liquidação judicial do Banco Master foi decretada em 18 de março, quando o Banco Central é presidido por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula.
Campos Neto completou dizendo que o banco está em processo de liquidação e acredita que o tema cabe ao trabalho da equipe técnica atual, a qual ele diz confiar, ressaltando que é a mesma equipe que estava no banco quando ele era presidente.
Sobre a taxa Selic, Campos Neto elogiou a condução de seu sucessor. Empresários presentes no fórum pediram para o Banco Central reduzir os juros e mencionaram a presença do ex-presidente do banco de forma descontraída.
Campos Neto afirmou que o Banco Central tem feito um excelente trabalho e que ele não faria nada diferente do que foi feito. Ele destacou que o presidente Gabriel tem conquistado credibilidade e que para juros mais baixos, em torno de um dígito, será necessário algum tipo de ajuste fiscal positivo.
Atualmente, Campos Neto é vice-presidente do conselho de administração do Nubank e reafirmou sua confiança nos técnicos do Banco Central, destacando a qualidade e experiência das diretorias técnicas, o trabalho premiado em estabilidade financeira, e também ressaltou que o Brasil é um grande exemplo mundial em inclusão financeira.