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terça-feira, 26/08/2025

Camisas de futebol falsificadas crescem na Europa

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As camisas de futebol falsificadas tornaram-se cada vez mais populares entre os jovens, especialmente para aqueles que não têm condições de gastar muito dinheiro nas últimas coleções lançadas pelos clubes a cada temporada.

No futebol, por exemplo, é comum a existência de três modelos oficiais de camisas que são lançados para ajudar na arrecadação dos clubes. No Brasil, por exemplo, a camisa oficial de um time do Brasileirão custa no mínimo R$ 350, enquanto na França, uma camisa de clube da Ligue 1 custa por volta de € 110.

É nesse ponto que as falsificações ganham espaço. Comprar uma camisa falsa é muito mais barato, o que leva muitos torcedores a buscarem essas alternativas para conseguir vestir os símbolos de seus clubes favoritos. Segundo Delphine Sarfati-Sobreira, presidente do sindicato de fabricantes Unifab, o aumento na venda de camisas falsificadas financia o crime organizado.

Um exemplo é Alexandre, um jovem colecionador que tem um armário repleto de camisas dos principais times do mundo. Embora sua coleção, em teoria, valeria milhares de euros, todas as camisas são réplicas. “Quando se veste, é difícil perceber a diferença. O tecido pode ser de qualidade inferior, mas à primeira vista elas parecem verdadeiras”, explicou ele. Ele adquiriu essas camisas em sites como KKgool e MaxMaillots por cerca de € 30 cada.

Pesquisa realizada pelo Ifop em 2023, em parceria com o Unifab, indicou que 15% dos entrevistados já compraram produtos esportivos falsificados e essa porcentagem sobe para 20% entre jovens de 15 a 18 anos. A alfândega francesa também confirmou essa tendência, relatando que mais de 40% das mercadorias apreendidas em 2023 foram artigos esportivos.

Delphine Sarfati-Sobreira afirmou que milhões de camisas falsificadas são vendidas anualmente e que, em alguns países, representam pelo menos 20% do mercado.

Em julho, mais de 24 mil camisas falsas foram apreendidas na região do Jura, na França. Uniformes novos do Real Madrid e do Barcelona para a temporada 2025/2026, com nomes como Mbappé e Yamal, foram encontrados escondidos em um caminhão. Na Espanha, pouco antes da Eurocopa do ano passado, 11 toneladas de camisas falsificadas foram confiscadas. “O início dos campeonatos nacionais e continentais é o período em que as falsificações aumentam significativamente”, destacou Delphine.

Para o estudante Mohamed, torcedor do Olympique de Marseille, as camisas falsas são uma forma de economizar: “Gastando € 110 em uma camisa oficial, consigo pagar mais de um mês de compras. Comprar online facilitou bastante o acesso a essas camisas falsas”, explicou.

Apesar de serem muito parecidas com as originais, camisas falsificadas podem apresentar problemas sérios como corantes tóxicos, chumbo e causar alergias, tornando-as perigosas para os consumidores, alerta Delphine.

Mohamed reconhece que a durabilidade dessas camisas é menor, mas acredita que elas cumprem sua função. Já Alexandre conta que respeita as multas e penalidades, mas lamenta que raramente os consumidores sejam punidos, sendo os revendedores o foco das ações legais.

Delphine Sarfati-Sobreira ressalta que essa situação não é algo trivial: comprar camisas falsificadas ajuda a financiar o crime organizado e até grupos ligados ao terrorismo, por meio das redes criminosas que usam a falsificação para financiar outras atividades.

Muitos jovens desconhecem essa conexão entre falsificação e crime, e para eles, como Alexandre, comprar camisas falsas é algo tão comum que quase não se pensa nas consequências.

Mohamed destaca que acompanhar o clube é quase uma obrigação, mesmo que o preço das camisas oficiais seja elevado. Em 2013, uma camisa da Ligue 1 custava cerca de € 69, hoje uma camisa do Olympique de Marseille com nome e número chega a € 150, enquanto as falsificações podem ser encontradas por € 30.

Alexandre aponta que muitos custos do torcedor aumentaram, como assinaturas de TV e ingressos, e que as marcas são responsáveis pelos preços altos. Segundo a ONG Clean Clothes Campaign, o custo de fabricação de uma camisa oficial não ultrapassa € 15, com mais € 2 a € 3 de frete e logística, mas o preço final nas lojas ultrapassa € 100, sendo que apenas 1% vai para os salários dos trabalhadores.

O sindicato dos fabricantes, por sua vez, acredita que a responsabilidade é do consumidor, que pode escolher entre comprar camisas originais ou falsificadas.

Delphine enfatiza as condições de produção das camisas falsas, que vêm de fábricas clandestinas com condições precárias, em contraste com as originais, produzidas respeitando a legislação social e padrões de qualidade.

Alexandre admite que continuará adquirindo camisas falsas enquanto as oficiais permanecerem com preços elevados. Em 2023, a falsificação provocou prejuízos de quase € 850 milhões a clubes e fabricantes, segundo o Unifab.

Essa disputa entre camisas oficiais e falsificadas cria um ciclo vicioso: quanto maior o prejuízo dos clubes, mais altos os preços oficiais e, consequentemente, maior a procura por camisas falsificadas.

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