RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O Conselho de Ética da Câmara aprovou a suspensão do mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG) por três meses, devido a uma briga ocorrida na semana passada durante a fala do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
A suspensão já vale e significa que Janones ficará sem receber seu salário de R$ 46,6 mil mensais e outras verbas por esse tempo. Além disso, foi aberto um processo para avaliar a cassação definitiva de seu mandato.
Janones e Nikolas são conhecidos por suas posições políticas fortes nas redes sociais, representando grupos opostos.
Os dois já tiveram outros desentendimentos na Câmara, incluindo um episódio tenso em uma sessão do Conselho de Ética, onde quase chegaram às vias de fato.
A decisão de suspender Janones foi tomada com 15 votos a favor e 3 contra, usando um procedimento mais simplificado implantado este ano para evitar brigas e desordens no plenário.
Este mesmo procedimento já tinha sido usado para suspender por três meses o mandato do deputado Gilvan da Federal (PL-ES), que ofendeu uma ministra do governo.
Apesar de vídeos mostrarem que Janones também foi agredido e insultado por apoiadores de Nikolas durante a confusão, a suspensão foi mantida. Janones afirma que não causou o problema e que até sofreu ataques físicos, o que gerou risadas e piadas de deputados bolsonaristas na sessão.
A confusão começou quando Nikolas discursava criticando o presidente Lula e o STF por uma medida dos EUA contra o Brasil, enquanto Janones gravava cenas do plenário, também manifestando sua opinião contrária ao discurso.
Durante o conflito, aliados de Nikolas xingaram Janones com palavras como “vagabundo” e acusaram-no de envolvimento em rachadinha, uma denúncia contra ele.
Em um vídeo exibido no Conselho, Janones chamou Nikolas de “cadelinha”, o que foi destacado como um comentário homofóbico pelo relator do caso, deputado Fausto Santos Jr. (União-AM).
A reunião teve grande presença de bolsonaristas que criticaram várias publicações de Janones nas redes sociais, apontando que elas desrespeitam o decoro parlamentar.
Deputados do PT e PSOL defenderam Janones e consideraram a punição exagerada.
Maria do Rosário (PT-RS) comentou que discussões e empurrões são comuns na Câmara e questionou se o deputado Nikolas Ferreira seria realmente o melhor exemplo para criticar os colegas.