A família Bolsonaro e seus principais apoiadores tentam associar a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil, anunciada por Donald Trump, à necessidade de aprovação de uma anistia ampla para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, muitos deputados, incluindo líderes da Câmara, preferem separar esses temas para evitar dar a impressão de que o Congresso está cedendo à pressão externa.
Conversas indicam que a votação sobre a anistia deve aguardar o recesso parlamentar, para não parecer que o país está se rendendo a uma ameaça estrangeira.
O deputado Rafael Brito ironiza dizendo que, se a anistia for para ser aprovada, seria melhor o Brasil ser anexado aos Estados Unidos ao invés do Canadá. Para ele, a recente carta de Trump só prejudica as chances da anistia.
Presidente Lula tem destacado que o Brasil não aceitará ser tutelado por outros países e criticado a atuação da família Bolsonaro contra os interesses nacionais.
Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, afirmou que as chances de aprovar a anistia são nulas, definindo a proposta como uma rendição à ingerência estrangeira.
Alguns membros do centrão avaliam que o tema da anistia e das tarifas devem ser tratados separadamente, e que as tarifas podem até mesmo atrasar qualquer decisão sobre a anistia.
O tema não foi discutido na última reunião de líderes antes do recesso.
Nos bastidores, o clima entre bolsonaristas e o centrão para votar o projeto de anistia está ruim, pois muitos enxergam isso como uma capitulação diante da ameaça dos EUA.
Hugo Motta, presidente da Câmara, chegou a negociar um texto que consideraria anistiar apenas os condenados pelo 8 de Janeiro que não foram organizadores dos ataques, mas essa ideia vem sendo rejeitada pela família Bolsonaro.
Os filhos de Bolsonaro têm defendido que a única solução contra as tarifas seria uma anistia ampla para o ex-presidente, que enfrenta ação penal no Supremo Tribunal Federal relacionada à tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Eduardo Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos, afirma que não há negociação sem anistia ampla, geral e irrestrita.
Na carta divulgada no dia em que a sobretaxa foi anunciada, Eduardo e o ex-apresentador Paulo Figueiredo classificaram a medida de Trump como um sucesso de seu diálogo com autoridades americanas.
Por sua vez, Trump criticou o tratamento dado ao ex-presidente brasileiro, chamando-o de “vergonha” e pedindo o fim da “caça às bruxas”.
Flávio Bolsonaro, senador, escreveu que o primeiro passo para resolver a sobretaxa é a anistia ampla e irrestrita.
Steve Bannon, ideólogo do trumpismo nos EUA, disse que o fim das investigações contra Bolsonaro deve ser condição para acabar com as tarifas.
O deputado bolsonarista Pedro Lupion pediu negociação técnica sobre as tarifas, destacando o impacto para os americanos.
Já o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, defende que o governo Lula deve resolver a questão da tarifa e que a anistia deveria ser votada em breve.
Enquanto isso, a esquerda e aliados do presidente Lula responsabilizam o bolsonarismo e a atuação de Eduardo nos EUA pela sobretaxa imposta.
Tabata Amaral, deputada federal, disse que a tarifa é uma chantagem para punir Bolsonaro.
Lula insiste em negociar, mas se não houver avanços, usará a lei de reciprocidade aprovada pelo Congresso para reagir à medida.
O decreto que regulamenta essa lei está em fase final de discussão e deve ser publicado em breve, detalhando as formas de resposta do Brasil.
