Uma onda de calor que está ocorrendo em várias regiões da Europa gerou alertas meteorológicos por todo o continente, elevando as temperaturas a recordes históricos na França e na Hungria, além de provocar incêndios florestais na área dos Bálcãs, onde famílias foram obrigadas a deixar suas casas na segunda-feira (11/08).
Na parte sul da França, quatro estações meteorológicas registraram temperaturas recordes. Na cidade de Bordeaux, os termômetros atingiram 41,6 °C, superando o antigo recorde de 41,2 °C registrado em 2019. As cidades de Bergerac, Cognac e Saint-Girons também bateram seus recordes absolutos, conforme informou o serviço nacional de meteorologia, Meteo France.
O órgão colocou 12 departamentos em alerta vermelho, que indica uma onda de calor extrema, excepcional tanto em duração quanto em intensidade e abrangência geográfica, com impacto significativo na saúde e nas atividades humanas.
Este nível de alerta foi registrado somente oito vezes na França desde a criação do sistema de notificação em 2004. A previsão indica que mais quatro departamentos alcançarão esse nível de risco na terça-feira.
No departamento de Aude, centenas de bombeiros continuam protegendo os limites de um incêndio florestal que consumiu 16 mil hectares (160 quilômetros quadrados) na última semana. As autoridades afirmam que o fogo está controlado, mas alertam que sua extinção total pode demorar semanas.
“As temperaturas máximas ainda têm potencial para subir”, declarou o meteorologista Patrick Galois, da Meteo France, a repórteres. Ele acrescentou que o fenômeno deve durar até os dias 19 ou 20 de agosto.
“Não se engane. Isso não é ‘normal, é verão’. É um pesadelo”, afirmou o climatologista agrícola Serge Zaka à emissora francesa BFMTV, em Montauban, onde o calor intenso persistiu durante todo o dia.
Na Hungria, o sudeste registrou um novo recorde nacional de 39,9 °C no domingo, superando a marca anterior de 1948. Budapeste também bateu seu recorde local, com 38,7 °C. Devido ao calor e à seca, as autoridades proibiram fazer fogueiras em todo o país.
No Reino Unido, o serviço meteorológico prevê que a quarta onda de calor do verão alcance até 33 °C em Londres na terça-feira. A Agência de Segurança de Saúde emitiu alerta amarelo para idosos e pessoas com condições médicas.
Nos Bálcãs, incêndios florestais causaram evacuações em vários países. Montenegro enfrentou incêndios perto da capital, Podgorica, e ao longo da costa do Mar Adriático. Famílias foram evacuadas ao norte da capital, e o Exército foi acionado para proteger as ruínas históricas da antiga cidade de Duklja.
O alto funcionário de emergências, Nikola Bojanovic, classificou a situação como “catastrófica”. Autoridades solicitaram economia de água potável para evitar racionamentos e pediram auxílio aos países vizinhos.
A onda de calor também atingiu Mostar, na Bósnia, que marcou 43 °C. Na Sérvia, agricultores reclamam da necessidade de abastecimento emergencial de água para o gado, devido à diminuição dos níveis de riachos e lagoas causada pela seca.
Na Albânia, 800 soldados foram mobilizados para conter quase 40 focos de incêndio registrados nas últimas 24 horas, conforme o Ministério da Defesa. As chamas avançaram na região costeira ao sul do país, aproximadamente 160 quilômetros abaixo da capital, destruindo várias residências na noite de domingo, segundo a mídia local.
Na Bulgária, cerca de 200 focos de queimadas foram detectados, com a maioria controlada, mas a situação permanece muito difícil, de acordo com a unidade nacional de segurança contra incêndios. Três grandes incêndios continuam nas fronteiras com a Grécia e a Turquia, com mais de 100 bombeiros e equipes de emergência combatendo as chamas.
Na Turquia, um incêndio florestal alimentado por altas temperaturas e ventos fortes forçou a evacuação de residências e um campus universitário, além de interromper o tráfego marítimo no noroeste do país. O fogo começou em um campo agrícola na província de Canakkale e se espalhou para áreas florestais, apenas dois dias após outro incêndio semelhante ter sido controlado na região.
O governador de Canakkale, Omer Toraman, informou que o estreito de Dardanelos, rota que conecta o Mar Egeu ao Mar de Mármara, foi fechado para facilitar as operações de aviões e helicópteros no combate ao fogo.