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segunda-feira, 25/11/2024
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Calçadas apertadas, poda mal feita e ventos fortes: por que caem tantas árvores em São Paulo?

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Queda de árvore matou motorista na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, nesta terça-feira (1º). Para especialistas, cenário é resultado de série de fatores que vão de falta de planejamento à má manutenção.

Queda de árvore em São Paulo matou motorista nesta terça-feira (2) — Foto: Reprodução/GloboNews.

É só chover em São Paulo que logo que se contabilizam quantas árvores caíram na cidade, como se fosse uma consequência natural das chuvas e ventos fortes. Nesta terça-feira (2), uma dessas quedas levou a morte de uma mulher que estava no carro com sua família. Outra caiu em cima de um motoboy. Há menos de duas semanas, uma árvore caiu no meio da Avenida Paulista, feriu uma idosa de 87 anos e bloqueou uma das principais avenidas da cidade.

Para especialistas, mais do que uma fatalidade, este cenário é um problema histórico da cidade, consequência de uma soma de fatores, e que atravessa várias gestões na Prefeitura de São Paulo. Veja os principais:

  • Calçadas estreitas para árvores grandes;
  • Árvores “doentes”, com cupins ou fungos;
  • Podas mal realizadas;
  • Falta de acompanhamento da flora da cidade;
  • Ventos e chuvas fortes.

O número de quedas de árvores cresceu nos últimos anos, segundo a Prefeitura de São Paulo. Em 2017, foram 3.611. Em 2018, 4.447 árvores caíram. E em 2019, 4.978 quedas. De janeiro a novembro de 2020, 2.995 árvores caíram na capital.

Para o pesquisador do Laboratório de Árvores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sergio Brazolin, o problema começou quando se começou a arborizar a cidade, 70, 80 anos atrás, sem planejamento entre o tamanho e espécie da árvore e a calçada que a abrigaria.

“É muito comum andar pela cidade e ver árvores enormes, de 15, 20 metros de altura, com calçadas pequenas. É uma gigante de pé pequeno”, aponta Brazolin. Hoje, os novos plantios seguem as regras estabelecidas pelo Manual Técnico de Arborização Urbana, da Prefeitura de São Paulo, desenvolvido para evitar tais discrepâncias.

O biólogo também lembra que as árvores são seres vivos. Logo, também ficam doentes: “Cupins, apodrecimento, o que é natural de um ser vivo adulto que está ficando velhinho. Quando acontecem esses problemas na árvore, associado ao peso dela, elas vão se fragilizando na sua base”.

Brazolin aponta que a manutenção, com o olhar periódico de um especialista, é uma das questões principais. “Às vezes ela está bonita por fora mas por dentro está oca. Esse manejo é essencial em qualquer cidade”.

Árvore de grande porte cai em cima de carro na Avenida Paulista na tarde desta quinta, 19 de novembro — Foto: Abraão Cruz/TV Globo
Árvore de grande porte cai em cima de carro na Avenida Paulista na tarde desta quinta, 19 de novembro — Foto: Abraão Cruz/TV Globo.

Outro fator apontado são as podas mal feitas, que podem desequilibrar a árvore, deixando um lado muito mais pesado que o outro. Os cortes também devem ser feitos nos galhos menores. Quando feito nos grandes, podem causar o alojamento de cupins ou apodrecimento.

Para o botânico e paisagista Ricardo Cardim, a fiação elétrica é uma das grandes vilãs das árvores da cidade. “A fiação elétrica aérea leva a mutilação de grande parte da floresta urbana em São Paulo”, afirma Cardim. O paisagista defende que a fiação deveria ser enterrada.

Quando a isso se somam ventos fortes fortes e chuvas intensas, o resultado, segundo ele, pode ser fatal. “Todo verão vemos uma série de problemas com arborização na cidade e tragédias horrorosas como essa por causa de falta de cuidado”, afirma Cardim.

“O que acontece é que até hoje parece que o poder público, principalmente o executivo, não entendeu que as áreas verdes de São Paulo são essenciais para a qualidade de vida e saúde da população e precisam de investimentos à altura”, disse o botânico e paisagista.

Segundo Cardim, em várias gestões se promete fazer um levantamento detalhado das árvores da cidade, quais, quantas são e onde estão, o que ainda não foi realizado. “O raciocínio é simples, como você vai cuidar de algo que não sabe quantas são e qual o estado?”

Para os especialistas, não é necessário remover as árvores grandes da cidade, essenciais para a qualidade do ar e para a saúde da população. A solução passa também pelo manejo eficiente dessa população arbórea. Uma das técnicas utilizadas é podar a copa de forma que ela deixe o vento fluir e não atue como um “paredão”.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou sobre a qualidade das podas feitas na cidade. Em nota desta terça-feira (2), a Secretaria Municipal das Subprefeituras, informou que “entre janeiro e outubro deste ano, foram podadas 144.718 árvores e outras 11.437 removidas”.

A pasta também disse que o prazo para poda de árvore caiu 91%, passando de 507 para 43 dias na cidade.

O pedido de solicitação de poda na Prefeitura pode ser feito pelo número 156 ou pelo aplicativo 156 da administração municipal.

Árvore cai sobre ônibus em SP — Foto: TV Globo/reprodução
Árvore cai sobre ônibus em SP — Foto: TV Globo/reprodução.

 

Árvore que caiu parcialmente na Avenida Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo, nesta segunda, 30 de novembro.  — Foto: Reprodução/TV Globo
Árvore que caiu parcialmente na Avenida Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo, nesta segunda, 30 de novembro. — Foto: Reprodução/TV Globo

 

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