A vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan tem previsão para ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já no final da próxima semana. A informação foi divulgada numa coletiva de imprensa realizada na sexta-feira (7), que tratou sobre a necessidade de acelerar a aprovação de medicamentos e produtos biológicos.
Segundo Daniel Pereira, diretor da Anvisa, a vacina do Butantan é prioridade para a agência. Na semana passada, houve uma reunião com um comitê de especialistas para esclarecer as dúvidas restantes sobre o imunizante.
“Esperamos que na primeira quinzena de novembro, ou poucos dias depois, a Anvisa conclua a análise para autorizar o registro da vacina”, explicou Daniel Pereira.
Ele destacou que a análise envolveu longas discussões técnicas com especialistas externos que auxiliaram no processo. A Anvisa também informou que não recebeu pedidos de registro de outras vacinas para a dengue de outros laboratórios.
Uso de inteligência artificial
Durante a coletiva, diretores da Anvisa ainda anunciaram a intenção de aplicar ferramentas de inteligência artificial para reduzir em pelo menos 50% o tempo necessário para a análise de medicamentos.
O presidente da Anvisa, Leandro Safatle, explicou que o número de pedidos de novos registros tem aumentado cerca de 10% ao ano, o que tem feito as análises demorarem até três anos.
“Estamos implementando várias ações que juntas devem diminuir o tempo de análise na agência”, disse Safatle.
Ele ressaltou que as ferramentas de inteligência artificial são amplamente usadas por outras agências reguladoras e são fundamentais para melhorar a produtividade e a eficiência do processo de avaliação.
Atualmente, a Anvisa tem na fila cerca de 1.100 medicamentos sintéticos e aproximadamente 100 produtos biológicos para análise, segundo informou o diretor Daniel Pereira.
O objetivo é que, até dezembro do próximo ano, a Anvisa consiga cumprir os prazos legais, reduzindo a fila de espera para no máximo um ano em todas as áreas.
“Estamos desenvolvendo vários instrumentos baseados em inteligência artificial dentro da agência, e há uma equipe dedicada exclusivamente a esse tema”, completou Safatle.
Investimento e parcerias
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que estava na África do Sul em reunião com autoridades da saúde dos países mais ricos do mundo (G20), anunciou via vídeo um investimento de R$ 25 milhões para que a Anvisa possa ampliar o uso de inteligência artificial e, assim, acelerar a análise dos pedidos de registro.
Padilha destacou que acelerar a aprovação dos registros é essencial para atrair investimentos no setor de inovação e produção de medicamentos no Brasil, possibilitando que novos produtos cheguem rapidamente ao mercado brasileiro.
“Com isso, a qualidade das análises melhora, o tempo para os projetos de inovação diminui, e medicamentes novos chegam mais cedo à população”, afirmou o ministro.
Outra medida importante é a criação de um comitê para acompanhar esse plano, que inclui também parcerias internacionais. Durante a reunião do G20, parcerias foram firmadas com empresas da África do Sul e Indonésia para acelerar a produção da vacina contra tuberculose no Brasil.
