Moscou desfila Shaun Pinner e Aiden Aslin, com dupla pedindo que a Ucrânia concorde com a troca de prisioneiros
Dois combatentes britânicos capturados na Ucrânia por forças russas desfilaram na televisão estatal russa pedindo a Boris Johnson que ajudasse a libertá-los, em uma dramática escalada da guerra de propaganda.
A filmagem mostrou Shaun Pinner e Aiden Aslin pedindo ao primeiro-ministro britânico para ajudar a libertá-los em troca da Ucrânia libertar o político pró-Kremlin Viktor Medvedchuk .
Não ficou claro o quão livremente os dois homens conseguiram falar no vídeo, que foi ao ar no canal de TV estatal Rossiya 24 na segunda-feira.
Ao mesmo tempo em que a Rússia transmitia imagens dos dois britânicos, o serviço de inteligência estrangeira da Ucrânia divulgou um vídeo de Medvedchuk, apelidado de “príncipe sombrio” da política ucraniana, pedindo para ser trocado também.
Em seu apelo aos líderes russos e ucranianos, Vladimir Putin e Volodymr Zelenskiy, Medvedchuk pediu para ser trocado pelos defensores da cidade sitiada de Mariupol – onde Pinner e Aslin estavam baseados antes de sua captura – e que qualquer civil pudesse sair.
A filmagem marca uma séria escalada da guerra de propaganda entre a Rússia e a Ucrânia e é a primeira vez que uma troca de prisioneiros é sugerida publicamente entre os dois países. O envolvimento central de dois combatentes britânicos aumentará a pressão sobre Johnson para intervir.
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido (FCDO) foi contatado para comentar. A FCDO tem prestado apoio às famílias dos homens nos últimos dias, mas tem capacidade limitada para coletar informações ou prestar apoio consular na Ucrânia.
Pinner, de 48 anos, parecia exausto nas últimas imagens fortemente editadas divulgadas na televisão russa. Com voz hesitante, ele disse para a câmera: “Sr. Boris Johnson. Obviamente eu sou Shaun Pinner.
“Muita coisa aconteceu nas últimas cinco ou seis semanas que eu não estou totalmente ciente. Obviamente, entendo que o Sr. Medvedchuk foi detido e pretendemos trocar eu e Aiden Aslin pelo Sr. Medvedchuk.
“Obviamente, eu realmente apreciaria sua ajuda neste assunto e impulsionar essa agenda. Eu mesmo tenho sido bem tratado. Compreendo perfeitamente a situação em que estou. Fomos alimentados, regados e isso é tudo o que posso dizer, mas imploro em meu nome e em nome de Aiden Aslin por nos ajudar em troca do Sr. Medvedchuk.
O entrevistador não identificado foi então mostrado separadamente falando com Aslin, que estava sentado em uma cadeira vestindo uma camiseta com o emblema do batalhão de extrema-direita Azov da Ucrânia. “Acho que Boris precisa ouvir o que Oksana [esposa de Medvedchuk] disse”, disse Aslin, que também parecia nervosa. “Se Boris Johnson realmente se importa com os cidadãos britânicos como ele diz, então ele vai ajudar.”
Pinner e Aslin , 28, parecem cansados e machucados desde que foram capturados enquanto defendiam a cidade de Mariupol na semana passada.
Medvedchuk é um aliado chave de Putin. Ele havia sido colocado em prisão domiciliar no ano passado para enfrentar acusações de traição e financiamento do terrorismo, o que ele nega.
Ele escapou alguns dias após o início da invasão russa em fevereiro, mas mais tarde foi capturado pela Ucrânia.
Em seu vídeo, publicado no Facebook pelo serviço de segurança SBU da Ucrânia, Medvedchuk disse que estava fazendo um “pedido para que o lado ucraniano me troque pelos defensores de Mariupol e seus cidadãos que estão lá hoje não têm oportunidade de uma saída segura através de um corredor humanitário”.
Pinner, um ex-soldado do Regimento Real Anglicano, mudou-se para a Ucrânia há quatro anos e o considera seu país adotivo, disse sua família em comunicado nesta segunda-feira.
Eles disseram que Pinner foi um soldado respeitado no exército britânico por muitos anos e o descreveram como “engraçado, muito amado e bem-intencionado”.
Eles acrescentaram: “Em 2018, Shaun decidiu se mudar para a Ucrânia para usar sua experiência e treinamento anteriores nas forças armadas da Ucrânia.
“Shaun gostou do modo de vida ucraniano e considerou a Ucrânia como seu país adotivo nos últimos quatro anos. Durante esse tempo, ele conheceu sua esposa ucraniana, que está muito focada nas necessidades humanitárias do país. Ele progrediu para os fuzileiros navais ucranianos como um membro orgulhoso de sua unidade.”
A declaração continuou: “Gostaríamos de deixar claro que ele não é voluntário nem mercenário, mas serve oficialmente no exército ucraniano de acordo com a legislação ucraniana.
“Nossa família está atualmente trabalhando com o Ministério das Relações Exteriores junto com a família de Aiden Aslin, que também está detido pelo exército russo para garantir que seus direitos como prisioneiros de guerra sejam respeitados de acordo com a convenção de Genebra”.
A família de Pinner disse esperar uma resolução rápida para permitir que os homens capturados retornem às suas famílias. “Nossos corações estão com todos aqueles envolvidos neste terrível conflito.”
