ANA POMPEU e THAÍSA OLIVEIRA
FOLHAPRESS
A Polícia Federal descobriu que o Banco de Brasília (BRB) agiu para evitar que o Banco Master, controlado por Daniel Vorcaro, fosse fechado rapidamente.
Os investigadores informaram que a direção do BRB trabalhou para garantir dinheiro suficiente para o Master e aceitou receber o pagamento de dívidas em parcelas, até que a compra do banco fosse finalizada.
Segundo a investigação, o BRB queria que o Banco Master continuasse funcionando até que o Banco de Brasília concluísse a compra, por isso houve um esforço conjunto entre os dois bancos para manter o Master operando.
A Polícia Federal também apontou que o BRB atrasou para responder dúvidas feitas pelo Banco Central e prorrogou o pagamento do dinheiro que deveria ser devolvido após identificar irregularidades nos créditos adquiridos do Master.
Os delegados disseram que, embora o BRB pudesse recuperar todo o valor de 6,7 bilhões de reais de uma vez, preferiu receber em pagamentos mensais, mantendo o dinheiro na conta do Master, o que sugere a intenção de manter o banco em funcionamento.
O BRB aceitou pagar o montante em sete parcelas entre junho e dezembro de 2025, o que não estava previsto nos contratos.
A intenção aparente era dar mais tempo para o Banco Master cumprir suas obrigações até a compra pelo BRB, que havia sido aprovada em março, mas barrada pelo Banco Central em setembro.
Antes da compra ser formalizada, o Master teria falsificado e vendido cerca de 12,2 bilhões de reais em carteiras de crédito consignado para o BRB, o que chamou a atenção do Banco Central pelos valores altos e discrepâncias nos documentos.
O BRB declarou ser credor na liquidação do Master, afirmou ter melhorado seus controles internos e pediu à Justiça para ajudar no processo relacionado ao caso.
O Banco Master não respondeu às tentativas de contato para comentar o caso. Eles e Vorcaro divulgaram documentos afirmando que não houve crime e que agiram de boa-fé para proteger o BRB.
Investigadores acreditam que o Banco de Brasília tentou comprar o Master para evitar seu fechamento e a exposição de irregularidades.
A operação policial que revelou o caso resultou na liquidação do Master, na prisão de Vorcaro e na demissão do ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.
No último dia 29, a justiça concedeu a soltura de Vorcaro e dos outros envolvidos na operação.

