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quinta-feira, 04/09/2025

BRB planeja insistir na compra do Banco Master após rejeição do Banco Central

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Em Brasília

O Banco de Brasília (BRB) pretende continuar tentando adquirir parte do Banco Master, mesmo após o Banco Central negar a autorização para a compra.

Fontes ligadas ao BRB revelam que o banco pode solicitar uma reconsideração da decisão do Banco Central ou apresentar uma nova proposta que atenda às exigências feitas pela autoridade monetária. O BRB ainda não comentou oficialmente sobre o assunto.

Em comunicado ao mercado, o BRB informou que vai analisar todas as opções disponíveis.

“O BRB solicitou acesso completo à decisão para entender os motivos e avaliar as alternativas possíveis. O banco acredita que essa operação é uma oportunidade estratégica que trará benefícios para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o sistema financeiro nacional. O banco manterá seus acionistas e o mercado atualizados sobre qualquer desenvolvimento relevante”, afirmou o BRB.

O Banco Master, por sua vez, informou que aguarda o acesso completo ao documento para avaliar a decisão e analisar as alternativas. “O banco mantém confiança em sua estratégia e em sua operação, que o distinguiram num mercado bastante concentrado”, declarou o Master.

A negociação, anunciada em 28 de março, dependia da aprovação do Banco Central, que foi negada.

O colegiado do Banco Central foi influenciado pelo voto do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Dias de Brito Gomes, que recomendou a recusa da operação.

Nos últimos dias, políticos do Centrão e da oposição na Câmara dos Deputados tentaram pressionar o Banco Central ameaçando votar com urgência um projeto que permitiria ao Congresso afastar a liderança do BC.

Especialistas consideram que a operação visava socorrer o Banco Master, que teve crescimento rápido, mas com uma estratégia de negócios bastante arriscada.

O banco captava dinheiro oferecendo altos rendimentos em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Esse dinheiro era usado para adquirir ativos com baixa liquidez, como precatórios, direitos creditórios e ações de empresas problemáticas.

Em entrevista ao Estadão, Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, explicou que o valor dos ativos do Master a ser incorporado caiu quase pela metade após análise detalhada: de R$ 48 bilhões inicialmente para R$ 23,9 bilhões.

Esse corte foi visto como um ponto fraco da operação, já que muitos ativos foram descartados.

Com a rejeição da operação, cresce a possibilidade de intervenção do Banco Central no Master, incluindo a substituição da gestão e a nomeação de um interventor. Essa decisão será tomada pelo diretor de Fiscalização, Ailton de Aquino dos Santos.

Investigação

Uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apontou suspeitas de crimes financeiros na gestão do Banco Master, envolvendo investimentos fraudulentos que inflaram o patrimônio e permitiram aportes em empresas ligadas à irmã de Daniel Vorcaro, dono do banco.

O relatório da CVM indica que o banco investiu R$ 2,1 bilhões em empresas sem capacidade econômica para gerar retorno, o que pode prejudicar a solidez financeira da instituição. O Estadão teve acesso a detalhes dessa apuração sigilosa.

O Banco Master afirma que esses investimentos foram totalmente quitados e que não há exposição financeira.

Recentemente, a Polícia Federal iniciou a Operação Carbono Oculto, que, embora não tenha mirado diretamente o Master, incluiu dois fundos ligados à Reag que injetaram pelo menos R$ 1,2 bilhão no banco no ano passado, quando já havia problemas de liquidez.

A Reag é alvo da investigação por suspeita de ocultação de patrimônio e relação com o crime organizado.

O Master declarou que a Reag é apenas uma prestadora de serviços para a gestão e administração de fundos e que o banco é um entre muitos clientes da Reag.

Estadão Conteúdo

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