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domingo, 19/10/2025

Brasília chora a perda de Isaac, jovem morto ao tentar recuperar celular na Asa Sul

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Em Brasília

Um clima de tristeza marcou o velório de Isaac Augusto de Brito Vilhena de Morais, de 16 anos, realizado neste domingo (19) na capela 1 do Cemitério Campo da Esperança. Familiares, amigos e colegas de escola se despediram entre lágrimas do estudante que faleceu na sexta-feira (17), vítima de uma facada ao tentar recuperar seu celular roubado por um grupo de adolescentes no parque entre as quadras 112 e 113 Sul.

O irmão mais velho, Edson Aparecido Avelino Júnior, 28 anos, técnico em tecnologia da informação, falou emocionado sobre Isaac, lembrando sua alegria, educação e respeito por todos.

“Isaac era muito querido, em casa e na vizinhança. Ele trazia alegria para todos ao seu redor. Sempre cumprimentava todo mundo, desde o porteiro até o síndico, com um bom dia sempre no rosto”, relatou Édson, visivelmente abalado.

Isaac havia terminado recentemente um curso de inglês e sonhava seguir carreira em segurança da informação, desejo inspirado pelo irmão. “Ele queria trabalhar com TI como eu. Conversávamos sobre isso, e é doloroso saber que ele não poderá realizar esse sonho”, lamentou.

Edson descreveu Isaac como um jovem responsável e querido na escola e em sua vizinhança, onde gostava de jogar bola e andar de bicicleta nas horas livres. “Ele era centrado e tinha uma liderança natural entre os amigos, sempre tentando fazer o que era certo”, disse.

No dia anterior ao crime, os irmãos conversaram, quando Edson pediu que Isaac fosse mais alegre e responsável com a mãe, preocupada com ele. “Nunca imaginei que seria nosso último diálogo”, contou emocionado.

Em Brasília, a casa da família mantém o quarto compartilhado intacto, com os pertences do jovem preservados, enquanto o apoio de amigos e familiares ajuda neste momento difícil, que promete ser ainda mais duro com o passar do tempo, segundo Edson.

Ele também fez um apelo por mudanças na forma como a sociedade lida com jovens infratores: “No nosso país, aos 16 anos já se pode votar e decidir o futuro de muitos, então também é necessário responsabilizar pelos atos. Trabalhar desde cedo constrói caráter. O que aconteceu com Isaac não pode acontecer novamente.”

Dor compartilhada

Pela manhã, antes do velório, vizinhos homenagearam Isaac nas entrequadras 112 e 113 Sul, soltando balões brancos em sinal de paz e deixando flores e bilhetes com mensagens de carinho.

O auditor federal Ricardo Eugênio Monteiro Coelho, vizinho e amigo da família, relembrou a tragédia e a sensação de insegurança na comunidade. “Os meninos jogavam bola quando três adolescentes armados com faca pediram os celulares. Isaac tentou correr atrás e recuperar, mas foi atingido no peito. Um amigo tentou ajudar, mas ele caiu no parque”, contou.

Ricardo criticou o atendimento de emergência, que demorou cerca de 50 minutos para chegar, mesmo com o Corpo de Bombeiros próximo. “Primeiro veio um carro que não era ambulância, só depois uma unidade de resgate. Foi desesperador, mesmo com um pai cirurgião e a mãe enfermeira tentando ajudar”, relatou.

Ele ressaltou que casos assim não são incomuns. “Meu filho de 17 anos também já foi assaltado ali perto. Esses roubos de celulares por adolescentes têm acontecido com frequência. A diferença é que desta vez a violência foi brutal”, lamentou.

Crime e investigação

O autor do crime foi um adolescente de 15 anos, apreendido recentemente por tráfico de drogas. A Polícia Militar prendeu seis suspeitos no Paranoá.

Segundo o secretário de Segurança Pública Sandro Avelar, o grupo era inexperiente e o caso foi classificado como latrocínio. O rastreamento do celular ajudou a localizar os envolvidos.

A governadora em exercício Celina Leão afirmou que o episódio é isolado, mas defendeu penas mais rigorosas para menores infratores. “Por que um jovem de 16 anos pode votar e não responder pelos crimes que comete?” questionou.

Sua opinião reflete a revolta dos familiares e moradores. Para Édson, é necessário ir além da prisão dos envolvidos e transformar a forma de lidar com esses casos. “Que a história de Isaac sirva de exemplo, não fique apenas como mais um número nas estatísticas.”

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