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segunda-feira, 25/11/2024
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Brasileiros estudam as Nuvens de Magalhães, galáxia vizinha a Via Láctea

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TRÊS GRUPOS ESTELARES NA PEQUENA NUVEM DE MAGALHÃES OBSERVADOS PELA EQUIPE DE ASTRÔNOMOS BRASILEIROS (FOTO: ESA/HUBBLE, VISCACHA, SOCIEDADE ASTRONÔMICA BRASILEIRA/ DIVULGAÇÃO)

Pensando em conhecer a origem e os mistérios da nossa galáxia, um grupo de astrônomos criou o projeto VISCACHA. Liderado por brasileiros, eles estudam as Nuvens de Magalhães — galáxia vizinha da nossa. Recentemente, eles publicaram o primeiro de uma série de artigos sobre os resultados do trabalho feito até então na revista científica de Oxford.

Francisco Maia, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e um dos pesquisadores que lidera o estudo, explica que “a primeira coisa que precisamos levar em conta é que esse é um projeto observacional”.

Para realizar o trabalho, os astrônomos que participaram do estudo utilizam da tecnologia e das imagens do telescópio SOAR, que tem sede no Chile. Essa é a principal ferramenta de trabalho dos pesquisadores.

O telescópio SOAR é compartilhado entre muitas nações, incluindo o Brasil. Astrônomos em todo mundo disputam pelo tempo de uso dessa ferramenta. O Brasil, por exemplo, tem direito a usar 31% das noites de observação.

“Em 4 anos de observação analisamos aproximadamente um milhão de estrelas em mais ou menos 200 aglomerados”, conta Bruno Dias, astrônomo do Observatório Europeu Austral e um dos pesquisadores que também lidera o projeto.

Dias vive no Chile e compartilha de seus feitos do estudo com os outros pesquisadores, que vivem espalhados pelo Brasil e mundo. Maia, por exemplo, acompanha em tempo real as observações feitas pelo SOAR diretamente de São Paulo, onde mora atualmente. “É um projeto que está começando, mas é audacioso”, afirma Dias.

Encontro do VISCACHA no Brasil (Foto: Francisco Maia/ Arquivo Pessoal)
TRÊS GRUPOS ESTELARES NA PEQUENA NUVEM DE MAGALHÃES OBSERVADOS PELA EQUIPE DE ASTRÔNOMOS BRASILEIROS (FOTO: ESA/HUBBLE, VISCACHA, SOCIEDADE ASTRONÔMICA BRASILEIRA/ DIVULGAÇÃO)

Até o momento as observações dos astrônomos duraram 40 noites, espalhadas em 4 anos de trabalho e conta com colaboração de 4 países — ao todo, são 26 membros coordenados por 4 astrônomos brasileiros.

Maia explica que antes do projeto “havia inúmeros grupos de astronomia no Brasil, mas os trabalhos eram feitos de forma separada, mesmo [os pesquisadores] estando atrás das mesmas coisas”.

Dias explica que galáxias como a das Nuvens de Magalhães estão muito ao Sul do planeta Terra e, por isso, países que estão no hemisfério Sul têm uma boa vantagem para estudá-las.

“O Brasil tem acesso ao telescópio SOAR, o que é perfeito para estudar essas nuvens”, disse Dias. Do ponto de vista estratégico, essas galáxias estão muito ao Sul. Por isso os telescópios que estão no hemisfério Norte não conseguem observar.

As Nuvens de Magalhães são conhecidas entre astrônomos e especialistas por ser uma galáxia pequena e periférica em relação à nossa Via Láctea. Sendo ainda dividida entre duas regiões: Pequenas Nuvens de Magalhães e as Grandes Nuvens de Magalhães.

Qual o objetivo do projeto
Maia explica que atualmente muitos especialistas discutem sobre as Nuvens de Magalhães. “Sabemos que a Grande e a Pequena nuvem estão orbitando uma a outra, enquanto estão sendo puxadas pela nossa galáxia”.

Os especialistas teorizam com  a possibilidade de dois modelos sobre o que aconteceria caso houvesse um choque de galáxias desse tipo. O primeiro modelo teoriza que o choque entre as Nuvens de Magalhães e a Via Láctea resultaria nas nuvens apenas sobrevoando a nossa galáxia.

O segundo modelo, porém, acredita que as Nuvens de Magalhães pode, neste momento, já estar presa à nossa galáxia. De acordo com Maia, o propósito da VISCACHA é “através da nossa observação de estrelas dizer qual desses dois modelos está correto”.

Além do estudo dos modelos, os astrônomos do projeto pretendem montar uma cronologia da nossa galáxia a partir da idade das estrelas e de outros astros.

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