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segunda-feira, 15/12/2025

Brasileiro fala menos sobre política no WhatsApp, diz pesquisa

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Uma pesquisa recente indica que as pessoas no Brasil têm compartilhado menos notícias políticas em grupos do WhatsApp, sejam eles de família, amigos ou trabalho. Além disso, mais da metade dos participantes desses grupos diz evitar expressar suas opiniões devido ao medo.

O estudo chamado Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens foi divulgado em 15 de janeiro e realizado pelo centro de pesquisa independente InternetLab e pela Rede Conhecimento Social, organizações sem fins lucrativos.

Segundo a pesquisa, 54% das pessoas participam de grupos familiares e 53% de grupos de amigos no WhatsApp, enquanto 38% fazem parte de grupos de trabalho. No entanto, apenas 6% estão em grupos que debatem política, uma queda em relação a 10% em 2020.

De 2021 a 2024, a frequência de mensagens sobre política nesses grupos diminuiu consideravelmente: em grupos familiares caiu de 34% para 27%, em grupos de amigos de 38% para 24% e em grupos de trabalho de 16% para 11%.

Os entrevistados falaram abertamente, sob anonimato, sobre a razão dessa mudança. Uma mulher de 50 anos, de São Paulo, comentou que evitam falar sobre política para manter a harmonia no grupo familiar, mostrando que existe uma autocensura entre os participantes.

Medo de se expressar

A pesquisa ressaltou que 56% dos participantes têm receio de falar sobre política por considerarem o ambiente hostil.

Esta sensação é sentida por 63% dos que se identificam como de esquerda, 66% de centro e 61% de direita no espectro político.

Uma mulher de 36 anos, de Pernambuco, afirmou que as discussões são tão acaloradas que as pessoas muitas vezes preferem evitar o confronto.

Os dados indicam que 52% dos entrevistados ficam atentos ao que falam para evitar conflitos, e 50% evitam discutir política em grupos familiares para prevenir desentendimentos.

Além disso, 65% evitam compartilhar mensagens que possam ofender outros participantes, e 29% já saíram de grupos onde não se sentiram confortáveis para expressar suas opiniões.

Expressão e estratégias

Apesar do receio, 12% das pessoas compartilham conteúdos importantes mesmo que possam causar desconforto, e 18% declaram que compartilham suas ideias mesmo que sejam ofensivas para alguns.

Uma mulher de 26 anos, de Minas Gerais, relatou que gosta de provocar discussões, mesmo sabendo que pode ser removida dos grupos.

Entre os 44% que se sentem seguros para falar sobre política, as estratégias comuns são:

  • 30% preferem usar mensagens de humor para falar sobre política sem causar brigas;
  • 34% optam por falar sobre política em conversas privadas, não nos grupos;
  • 29% conversam apenas em grupos com pessoas que compartilham a mesma opinião política.

Um entrevistado de 32 anos, do Espírito Santo, comentou que prefere discutir política individualmente e não em grupos.

Enquanto isso, uma mulher de 47 anos, do Rio Grande do Norte, mencionou que os grupos acabam sendo formados por pessoas com visões políticas semelhantes, criando um ambiente mais homogêneo.

O estudo foi financiado pelo WhatsApp, mas a pesquisa foi conduzida de forma independente pelo InternetLab.

Desenvolvimento e amadurecimento

Heloisa Massaro, diretora do InternetLab e autora do estudo, destaca que o WhatsApp é parte essencial da vida diária das pessoas e que, assim como nas interações presenciais, a política é tema frequente.

Desde o final de 2020, esta pesquisa é realizada anualmente, e Heloisa observa que as pessoas desenvolveram uma ética própria para lidar com discussões políticas dentro dos grupos, mostrando um amadurecimento na forma de comunicação.

“As pessoas se policiam mais, mostrando um amadurecimento no uso do aplicativo para debates políticos. Com o tempo, observa-se essa ética se consolidando nas interações dos grupos de mensagens”, afirma a autora.

Com informações da Agência Brasil.

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