Manoella Smith
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Angélica Gonçalves, uma brasileira de 38 anos, moradora de Doha, ficou muito assustada ao ouvir os estrondos causados pela interceptação dos mísseis durante um ataque iraniano a uma base aérea americana no Qatar, ocorrido na segunda-feira (23).
“Meu coração acelerou, minhas pernas tremeram e entrei em pânico no momento”, contou ela à Folha. Nascida em Castro, uma cidade no interior do Pará com cerca de 67 mil habitantes, Angélica mudou-se para o Qatar em 2015, motivada pelo emprego do marido na área de engenharia elétrica. O casal tem dois filhos.
Além do medo, ela também se preocupou porque possui uma amiga que trabalha na base americana.
“Felizmente, alguns minutos depois fui informada que todos os mísseis foram derrubados”, disse. “No momento, a situação está estável, mas ainda estamos um pouco apreensivos.”
Angélica afirmou que sempre se sentiu bastante segura durante quase dez anos vivendo no Qatar. “Desde que me mudei, apesar dos conflitos na região, em geral sempre me senti protegida por aqui”, comentou.
“Foi algo muito incomum. Essa situação provoca um choque, uma sensação de vulnerabilidade e impotência.” Apesar disso, ela não pensa em retornar ao Brasil por enquanto. “Financeiramente, o país oferece boas oportunidades de trabalho e crescimento”, concluiu.
Após o ataque, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um cessar-fogo no conflito entre Israel e Irã, após 12 dias de confrontos aéreos. Ele comunicou a decisão nas redes sociais.
Donald Trump entrou diretamente no conflito no sábado (21), com ataques a três instalações nucleares iranianas, incluindo a base subterrânea de Fordow. Em retaliação, Teerã lançou 14 mísseis contra a maior base americana no Oriente Médio, Al-Udeid, mas avisou com antecedência tanto os EUA quanto o Qatar — que mantém relações amistosas com o Irã — sobre a ofensiva.