Quase 2,3 milhões de crianças com até 3 anos não frequentam creches no Brasil. Esse dado foi revelado em um estudo da organização Todos Pela Educação, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) e no Censo Escolar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cobrindo o período de 2016 a 2024.
De acordo com a pesquisa, a taxa de atendimento infantil em creches é de 41,2%, indicando que o país ainda está longe de alcançar a meta estipulada pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê ao menos 50% das crianças nessa faixa etária matriculadas até o final deste ano.
Embora a média geral seja de 41,2%, a desigualdade social é evidente quando observamos a distribuição por renda. Entre os 20% mais ricos, o atendimento das crianças até 3 anos chega a 60%, enquanto entre os 20% mais pobres, o percentual é significativamente menor, de apenas 30,6%.
O Todos Pela Educação também avaliou a frequência das crianças com até 1 ano, revelando que somente 18,6% desse público têm acesso às creches.
Quanto à etapa inicial da educação básica, que inclui crianças de 4 e 5 anos, 94,6% estão matriculadas, embora ainda restem mais de 329 mil crianças fora das escolas em 2024.
O ingresso obrigatório no ensino para crianças de 4 e 5 anos é garantido, mas o Todos Pela Educação aponta que a principal razão para a ausência escolar nessa faixa é a decisão dos responsáveis.
“Apesar dos avanços, a expansão do acesso à Educação Infantil não ocorre no ritmo necessário. Sem políticas efetivas para ampliar o ensino com qualidade e equidade, o Brasil continuará negando a muitas crianças o direito à Educação Infantil”, destaca Manoela Miranda, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.
Além do problema do acesso insuficiente, há também uma disparidade significativa entre as regiões e estados. Em 2024, São Paulo registrou a maior taxa de matrícula em creches, com 56,8%, enquanto o Amapá apresentou a menor, apenas 9,7%.