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segunda-feira, 29/12/2025

Brasil supera crise política e enfrenta tarifas altas de Trump

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O ano de 2025 ficou marcado pela imposição de tarifas significativas pelos Estados Unidos sobre produtos importados de diversos países, incluindo itens do Brasil. O presidente Donald Trump justificou essas tarifas como uma ação política, especialmente relacionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrentava processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi condenado por tentativa de golpe. Algumas tarifas chegaram a 50% para certos produtos, como carne bovina, café, frutas, vegetais, minérios, aço e alumínio.

Especialistas consultados pelo Metrópoles destacaram que o episódio do tarifaço em 2025 trouxe importantes aprendizados sobre a política comercial dos EUA. Segundo o professor Hugo Garbe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os setores do agronegócio e indústrias de metais foram os mais afetados. Ele explica que houve redução imediata nas exportações, margens menores e ociosidade nas fábricas. A médio prazo, as vendas foram redirecionadas para outros mercados, os preços caíram e o custo do financiamento aumentou devido à incerteza regulatória.

A economista chefe da InvestSmart XP, Mônica Araújo, observou que até países com baixo grau de abertura comercial, como o Brasil, sentiram os efeitos das tarifas elevadas, cuja justificativa ia além dos aspectos comerciais, incluindo fatores políticos.

A Casa Branca respondeu a pressões internas, ajustando essas tarifas em resposta ao custo de vida e à popularidade do presidente.

Decisões como imposição de tarifas e ameaças são frequentemente usadas como táticas de pressão, não como metas permanentes. Mesmo com flexibilizações, a imprevisibilidade da política americana mantém o comércio global em alerta.

Início da disputa comercial com os EUA

O tarifaço do governo Trump sobre produtos brasileiros começou em 6 de agosto de 2025, após uma escalada que combinou questões econômicas e políticas. A tarifa chegou a 50% para diversos produtos brasileiros, exceto para 694 itens isentos.

Desde fevereiro, aumentos tarifários começaram com 25% sobre ferro e aço, depois tarifas recíprocas e a elevação para 50% em maio. Trump explicou que as medidas protegiam a indústria local e eram resposta a políticas brasileiras tidas como prejudiciais. Atos políticos, como a suspensão de vistos a ministros do STF e sanções contra Alexandre de Moraes, intensificaram o conflito.

O impacto foi sentido principalmente nos setores de agronegócio, metais, café, frutas e calçados, o que levou o governo brasileiro a buscar diálogo e apoio sem revidar diretamente.

Flexibilização e negociações diplomáticas

Em novembro, Trump assinou ordem executiva reduzindo tarifas sobre produtos agrícolas brasileiros, zerando tarifas de 40% sobre carne bovina, cacau, café, frutas, vegetais, nozes e fertilizantes, mantendo apenas uma tarifa padrão de 10% aplicada a todos os países.

Na época, o vice-presidente Geraldo Alckmin declarou que o próximo passo seria reduzir as tarifas industriais. O chanceler Mauro Vieira confirmou que o Brasil apresentou uma proposta abrangente e aguarda resposta dos EUA para avançar nas negociações. A Casa Branca reconheceu progresso inicial após diálogo entre Lula e Trump em outubro.

Relação entre Lula e Trump

No início de dezembro, Lula conversou por cerca de 40 minutos com Trump, agradecendo pela redução parcial das tarifas e destacando a importância de avançar nas negociações comerciais. Ele também pediu cooperação americana no combate ao crime organizado internacional. A Casa Branca afirmou que Trump demonstrou disposição total para colaborar com o Brasil.

Trump ressaltou várias vezes depois da turbulência na relação que aprecia o presidente brasileiro Lula, mencionando a boa química entre ambos.

O professor Hugo Garbe destaca que os EUA usam tarifas como instrumento de pressão e negociação, enquanto o Brasil precisa proteger empregos e exportações no agronegócio. Esse equilíbrio levou à abertura de canais diplomáticos.

A imprensa internacional ressaltou que o Brasil reverteu parte da ofensiva tarifária, mostrando que firmeza pode influenciar negociações e que é fundamental distinguir táticas de objetivos na política americana.

Perspectivas para 2026

O governo brasileiro espera uma nova rodada de negociações com os EUA em janeiro de 2026 para superar o impasse comercial até o fim do primeiro semestre. Lula ainda planeja ampliar parcerias internacionais, incluindo visitas e reuniões importantes durante o ano.

Importadores brasileiros podem solicitar o reembolso das tarifas cobradas indevidamente desde o início das novas regras, visando aliviar pressões e conter efeitos negativos no mercado americano.

Mônica Araújo avalia que, mesmo com a manutenção de algumas tarifas, o impacto econômico no Brasil em 2026 será limitado, pois parte dos produtos já foi redirecionada para outros mercados e várias tarifas foram parcialmente retiradas.

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