O Ministério das Relações Exteriores expressou forte reprovação ao bombardeio realizado por Israel que atingiu o hospital Nasser, localizado em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. O ataque ocorreu na manhã de segunda-feira (25/8) e resultou na morte de pelo menos 20 pessoas, incluindo trabalhadores humanitários e cinco jornalistas.
Em comunicado, o Itamaraty pediu à comunidade internacional e à Organização das Nações Unidas (ONU) que promovam uma investigação que seja independente, imparcial e transparente, com o objetivo de responsabilizar os autores deste ataque.
A pasta destacou que instituições de saúde, como hospitais e unidades médicas, são protegidas pelo Direito Internacional Humanitário, e que ataques contra essas instalações podem ser classificados como crimes de guerra.
“O bombardeio ao hospital Nasser se insere em um padrão frequente de violações cometidas pelo governo de Israel contra o povo palestino. A responsabilização por esses atos é fundamental para prevenir sua repetição e garantir justiça às vítimas”, afirmou o comunicado.
O governo brasileiro, ao reforçar o pedido de cessar-fogo no conflito em Gaza, também solicitou que Israel garanta aos jornalistas o direito de realizar seu trabalho de forma livre e segura, além de remover as restrições para a entrada desses profissionais e da ajuda humanitária no território.
Detalhes sobre o ataque ao Hospital Nasser
De acordo com autoridades palestinas, o ataque ocorreu em duas fases: a primeira matou o cinegrafista Hossam al-Masri, da Reuters, e a segunda atingiu outros jornalistas, equipes de resgate e médicos que tentavam prestar socorro.
Entre os mortos confirmados estão:
- Hossam al-Masri, fotojornalista da Reuters
- Mohammed Salama, jornalista da Al Jazeera
- Mariam Abu Daqa, freelancer que colaborava com Associated Press e Independent Arabic
- Moaz Abu Taha, freelancer que trabalhava para NBC
- Ahmed Abu Aziz, freelancer do site Middle East Eye
O fotógrafo Hatem Khaled, da Reuters, ficou ferido.
A mídia israelense alegou que um dos motivos do bombardeio ao hospital foi a descoberta de uma suposta câmera instalada no centro médico, identificada por um civil israelense. Segundo as emissoras Channel 12 e 14, a câmera estaria localizada em um dos andares do hospital e serviria para que o Hamas monitorasse a movimentação das Forças de Defesa de Israel na região.
No entanto, não há evidências de que profissionais da imprensa estivessem utilizando o hospital para apoiar o grupo palestino. Imagens anteriores ao ataque mostram que o local costuma ser utilizado por jornalistas que cobrem o conflito diretamente de Gaza.
As Forças de Defesa de Israel assumiram ter atingido a área do hospital e o chefe do Estado-Maior ordenou uma investigação interna.
Em nota, o Exército declarou que não tem como alvo os jornalistas e lamenta qualquer dano a pessoas que não estejam envolvidas, enfatizando que não visam os profissionais da imprensa.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lamentou o ocorrido, descrevendo o episódio como um trágico infortúnio.