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domingo, 28/12/2025

Brasil recebe mais de US$ 5,5 bilhões para proteger florestas com ajuda da Noruega e França

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FÁBIO PUPO, GABRIEL GAMA E JOÃO GABRIEL
Belém, PA, e São Paulo, SP (FolhaPress)

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, conhecido como TFFF, é a aposta do Brasil na COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Ele já alcançou US$ 5,5 bilhões em investimentos prometidos, graças a contribuições da Noruega e da França.

A Noruega anunciou um investimento de US$ 3 bilhões ao longo de dez anos, o maior valor até agora comprometido por um país. A França contribuiu com € 500 milhões. Esses países se juntam ao Brasil, que havia anunciado um aporte de US$ 1 bilhão, e à Indonésia, que também prometeu US$ 1 bilhão.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que a Alemanha deve anunciar uma contribuição em breve, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo brasileiro espera que o valor alemão supere o investido pelo Brasil.

A Holanda anunciou uma promessa de 5 milhões para custos operacionais do fundo, ainda não formalizada, e Portugal se comprometeu com € 1 milhão.

O anúncio da Noruega foi feito pelo primeiro-ministro Jonas Gahr Store durante a conferência, em encontro com líderes mundiais, incluindo o presidente Lula.

Store declarou que interromper o desmatamento é essencial para combater as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade, e destacou o apoio da Noruega à iniciativa.

O investimento norueguês será gradual até 2035 e condicionado a certas metas, como garantir pelo menos 100 bilhões de coroas norueguesas (cerca de US$ 10 bilhões) de outros doadores até 2026, e a contribuição da Noruega não poderá exceder 20% do total arrecadado.

Fernando Haddad comentou que o objetivo é alcançar US$ 10 bilhões em aportes públicos até o fim de 2026, mas esse valor pode ser atingido antes, com os anúncios feitos durante a COP.

Espera-se que o fundo alcance US$ 125 bilhões em cerca de três anos, sendo 20% desses investimentos provenientes de países e o restante vindo do setor privado.

Embora a expectativa inicial fosse coletar US$ 25 bilhões rapidamente, o processo deve levar mais tempo para se consolidar. O Reino Unido optou por não investir até que a viabilidade do fundo seja comprovada.

O QUE É O TFFF

O TFFF é uma iniciativa inovadora que reúne recursos públicos e privados para financiar a conservação ambiental. Ele recompensa governos que protegem suas florestas, usando monitoramento por satélite para verificar a preservação em cada hectare. O fundo visa captar US$ 25 bilhões de países ricos, além de US$ 100 bilhões via mercado privado, por meio de captação de dívida em uma carteira de investimentos diversificados.

O Brasil espera que outros países, incluindo os Emirados Árabes Unidos, também anunciem seus aportes.

RENDIMENTOS

Administrado pelo Banco Mundial, o fundo usará o total de US$ 125 bilhões para aplicações em renda fixa, com rendimento anual estimado entre 7% e 8%. Os ganhos remunerarão tanto os investidores quanto os países que protegem as florestas.

Investidores receberão cerca de 4% ao ano, semelhante a títulos do Tesouro dos EUA, que são os investimentos mais seguros e, portanto, com juros menores.

Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, afirmou que o título pagará rendimentos comparáveis ao Tesouro americano, mas com um diferencial verde, o que tem sido bem recebido em mercados internacionais.

Após pagar os investidores, o restante dos recursos, entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões anuais, será enviado aos países que conservam suas florestas tropicais.

Dubeux ressaltou que esses valores superam, em muitos casos, os orçamentos nacionais destinados ao meio ambiente.

Ele destacou que o fundo é um dos maiores instrumentos multilaterais da história e que o Brasil, como país com a maior floresta tropical do mundo, será um dos principais beneficiários, recebendo cerca de US$ 1 bilhão.

O valor repassado será de US$ 4 por hectare, corrigido pela inflação. Em caso de desmatamento ou degradação, os pagamentos são reduzidos, criando um incentivo para a preservação.

O governo vê o TFFF como um complemento ao mercado de carbono, que atua principalmente na recuperação de áreas desmatadas, enquanto o fundo foca na proteção das florestas existentes.

Dubeux afirmou que, embora o objetivo inicial de US$ 25 bilhões possa levar meses para ser alcançado, o engajamento dos países já representa uma grande conquista da COP.

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