FOLHAPRESS
Até esta sexta-feira (26), o Brasil completou 19,8 mil transplantes de órgãos, conforme dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
No primeiro semestre de 2025, foram feitas 14,9 mil cirurgias, o maior número registrado desde 2014, representando um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2022, quando os procedimentos começaram a se recuperar após a pandemia de Covid-19.
Em 2024, o Brasil já havia alcançado um recorde com mais de 30 mil transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um crescimento de 18% em comparação com 2022. O recorde anterior, de 2023, foi de 28,7 mil transplantes.
Apesar desses avanços, mais de 80 mil pessoas aguardam por um órgão no país. O Brasil está em terceiro lugar no mundo em número de transplantes, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, e é o único que realiza a maioria desses procedimentos pelo sistema público. A maior dificuldade continua sendo a rejeição dos familiares à doação, que acontece em 45% dos casos.
Para diminuir essa rejeição, o Ministério da Saúde lançou a primeira Política Nacional de Doação e Transplantes, com um orçamento anual de R$ 7,4 milhões para campanhas de conscientização.
Além disso, outra portaria importante, a primeira desde a criação do SNT em 1997, destinou R$ 13 milhões para regulamentar novos tipos de transplantes incluídos no SUS em 2025, como o transplante de membrana aminiótica, usado para casos graves de queimaduras, e o transplante de intestino delgado e multivisceral, destinado a pacientes com falência intestinal.
A maior demanda por transplantes no Brasil é para rim, com 43.867 pessoas na fila de espera, seguida por córnea (33.260), fígado (2.305) e coração (448).
Na divisão por estados, São Paulo é o que possui o maior número de pacientes aguardando órgãos, com 22.613, seguido por Minas Gerais (4.250) e Paraná (2.695). Especificamente para córnea, São Paulo também lidera com 6.862 pacientes, à frente do Rio de Janeiro (5.311) e de Minas Gerais (4.598).
O processo de doação é complexo e precisa ser rápido. Nos hospitais, as Comissões de Transplante identificam possíveis doadores, vivos ou falecidos, e notificam a Central Estadual, que confirma os diagnósticos e verifica a compatibilidade com os pacientes na lista de espera.
A distribuição dos órgãos considera critérios como tempo de espera, urgência, gravidade e tipo sanguíneo.
A Central também organiza a logística para retirada e transporte dos órgãos. Para doação em vida, pessoas maiores de 18 anos podem doar para familiares ou, com autorização judicial, para não parentes, desde que passem por avaliação médica e testes de compatibilidade.
Para receber um órgão, o paciente precisa estar inscrito no SNT, que monitora e organiza a lista de espera válida para o SUS e para a rede privada. Como os órgãos têm tempo limitado fora do corpo, cada etapa do processo deve ser rápida.
O Brasil mantém o maior programa público de transplantes do mundo. Pelo SUS, responsável por cerca de 90% das cirurgias, os pacientes têm acesso gratuito a todo o processo: exames, cirurgia, acompanhamento e medicação pós-transplante.