Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, afirmou em São Paulo nesta quinta-feira (14) que o governo brasileiro seguirá tentando negociar a redução das tarifas de 50% impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações do Brasil. No entanto, destacou que o país não abrirá mão de sua soberania.
Ele explicou que o governo busca manter o diálogo aberto para as negociações, conforme orientação do presidente Lula, mas afirmou que não aceitarão negociar assuntos que ultrapassem as competências do Poder Executivo, como a intervenção no Poder Judiciário.
As tarifas dos EUA fazem parte de uma série de medidas contra o Brasil, relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, incluindo sanções pessoais a membros do Supremo Tribunal Federal.
Na quarta-feira (13), o governo lançou um pacote de apoio ao setor produtivo afetado pelas tarifas, com R$ 30 bilhões em crédito, via a Medida Provisória chamada MP Brasil Soberano. Segundo Fávaro, estas ações são apenas as primeiras e outras medidas complementares serão necessárias para ajudar os setores mais impactados, especialmente aqueles com grande dependência do mercado americano.
Ele citou como exemplo o setor de suco de laranja, que teve a tarifa retirada, mas que pode precisar de ajustes futuros. O governo está aberto a ouvir os setores para implementar novas soluções.
Abertura de novos mercados
Fávaro ressaltou que o governo continua a buscar a ampliação de mercados internacionais para as exportações brasileiras, comemorando a abertura de 400 novos mercados ao longo do mandato do presidente Lula.
O governo também pretende lançar um programa de compras públicas para apoiar os exportadores afetados, com medidas adicionais como linhas de crédito e isenção fiscal, com foco em produtos como manga e pescados, destinados à merenda escolar e às Forças Armadas, para suprir a demanda que antes era enviada aos EUA.
Leilão da Rota do Agro
Fávaro e o ministro dos Transportes, Renan Filho, acompanharam o leilão da Rota do Agro na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), vencido pelo Consórcio Rota Agro Brasil com o maior desconto para o pedágio, de 19,70%.
Fávaro destacou que leilões bem-sucedidos como esse contribuem para um agro mais competitivo, com infraestrutura rodoviária eficiente que favorece o escoamento de cargas. Renan Filho ressaltou que este foi o leilão de estradas mais competitivo dos últimos anos, atribuindo o sucesso a um bom projeto e segurança jurídica.
Ele explicou que, pela primeira vez, o interesse privado em rodovias superou o interesse no setor de saneamento, e que os investimentos privados realizados desde 2023 já superam os públicos feitos entre 1998 e 2022, com R$ 176 bilhões contra R$ 129 bilhões.
Mais competitividade para o Brasil
Renan Filho informou que até o final do ano serão realizados mais cinco ou seis leilões de rodovias, o que pode resultar no maior volume de leilões da história do país.
O ministro destacou que uma infraestrutura rodoviária melhor é fundamental para aumentar a competitividade internacional do Brasil, ajudando o país a enfrentar a chamada guerra tarifária, que cria barreiras comerciais e limita o comércio livre.
Segundo ele, embora o ideal seja um comércio livre de tarifas, atualmente os países criam essas barreiras para proteger suas próprias economias, minando a competitividade do Brasil.
Essas informações foram divulgadas pela Agência Brasil.