O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou na quinta-feira (24/7) que os minerais estratégicos do Brasil, como o lítio e o nióbio, devem ser preservados, pois pertencem ao povo brasileiro. Essa declaração foi feita durante uma cerimônia de entregas do governo federal em Minas Novas (MG), em um momento em que os Estados Unidos manifestaram interesse pelos minérios brasileiros.
“Temos nosso petróleo a proteger. Temos nosso ouro a proteger. Temos minerais valiosos que vocês desejam proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país pertence ao povo brasileiro”, afirmou Lula.
Os Estados Unidos recentemente reafirmaram seu interesse pelos minerais críticos e estratégicos (MCEs) do Brasil, em especial os chamados “terras raras”, elementos essenciais para a transição energética e para tecnologias avançadas, como chips, baterias, turbinas e armamentos modernos.
Essa mensagem foi transmitida pelo encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Brasília, Gabriel Escobar, na quarta-feira (23/7), durante um encontro com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
O presidente do Ibram, Raul Jungmann, relatou que Escobar confirmou o interesse dos EUA no setor mineral brasileiro, informação que já havia sido mencionada em uma reunião anterior, aproximadamente três meses atrás.
“Ele disse que os EUA tinham interesse nos MCEs, conforme já tinha comunicado há três meses”, explicou Jungmann, que foi ministro da Defesa e da Segurança Pública no governo de Michel Temer.
Contexto da reunião Brasil-EUA
O encontro ocorreu em meio ao aumento das tensões comerciais entre Brasil e EUA. A partir de 1º de agosto, os EUA planejam implementar uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, conforme anunciado pelo presidente Donald Trump. O governo brasileiro interpreta essa medida como retaliação política, especialmente em razão da carta enviada por Trump criticando decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Potencial dos minerais brasileiros
O Brasil está entre os poucos países com grandes reservas de minerais críticos, como nióbio, lítio, cobre, grafite, cobalto e as terras raras — um grupo de 17 metais usados em setores de alta tecnologia, defesa e energia sustentável.
De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, o Brasil possui a segunda maior reserva conhecida de terras raras no mundo, ficando atrás apenas da China.
A China domina a produção global desses minerais e já impôs restrições à exportação para os EUA. Em resposta, os americanos têm buscado diversificar seus fornecedores e firmado acordos com aliados como Ucrânia e Austrália.
Recentemente, o governo dos EUA mostrou interesse similar em troca de apoio financeiro à Ucrânia, que está em conflito com a Rússia há três anos. Os países firmaram um acordo estratégico para criar um fundo conjunto visando a exploração de minerais críticos como lítio, titânio, grafite e urânio, com o objetivo de fortalecer a economia ucraniana e diminuir a dependência ocidental em relação à China para o fornecimento desses recursos.