Celso Amorim, principal assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o Brasil não vai pressionar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a renunciar por causa da pressão dos Estados Unidos. Ele também destacou que o país não deseja incentivar a ideia de oferecer asilo a Maduro, embora não descarte a possibilidade de o venezuelano tentar se refugiar no Brasil.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Amorim comentou sobre a tensão envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo ele, se toda eleição controversa provocasse uma invasão, o mundo estaria em constante conflito. Essa resposta foi dada ao ser questionado sobre uma possível invasão americana na Venezuela.
Amorim ressaltou que a última coisa desejada é que a América do Sul se transforme em uma zona de guerra, o que poderia evoluir para um conflito global, situação que ele classificou como muito negativa. O ex-chanceler enfatizou que uma invasão pelos EUA na Venezuela poderia ser semelhante ao conflito do Vietnã e que a América do Sul tem uma longa história de resistência contra invasores estrangeiros.
Ele apontou que uma intervenção dos Estados Unidos poderia fomentar um sentimento antiamericano na América Latina.
Desde agosto, os EUA têm reforçado sua presença militar na América Latina e no Caribe, com o objetivo declarado de combater o tráfico de drogas na região. Esta movimentação inclui navios de guerra, fuzileiros navais, aviões F-35 e o porta-aviões USS Gerald R. Ford.
Apesar da justificativa oficial, a movimentação levanta dúvidas, especialmente porque o presidente venezuelano é acusado por Washington de ser um líder de um cartel classificado como organização terrorista internacional, o que abre caminho para operações militares na região sob o pretexto do combate ao terrorismo.
Amorim também abordou a questão do asilo político, lembrando que no passado o Brasil já concedeu refúgio a outros líderes latino-americanos, como o equatoriano Lúcio Gutiérrez em 2005, quando era ministro das Relações Exteriores. Ele esclareceu que, embora não queira alimentar especulações, o asilo é uma prática comum na América Latina para pessoas de diferentes espectros políticos.

