21.5 C
Brasília
domingo, 28/12/2025

Brasil mantém mercado, mas teme excesso global de soja com aproximação China-EUA

Brasília
nuvens quebradas
21.5 ° C
21.5 °
21.5 °
68 %
2.6kmh
75 %
dom
31 °
seg
30 °
ter
29 °
qua
29 °
qui
29 °

Em Brasília

O governo brasileiro avalia que a melhora nas relações comerciais entre Pequim e Washington ainda não muda a posição do Brasil no mercado chinês de soja, mas já acende um alerta para 2026.

Esse novo acordo entre os dois países pode alterar o equilíbrio mundial da oferta e causar queda nos preços internacionais, especialmente num momento em que já há excesso de soja no mercado.

Nos últimos meses, o Brasil exportou 21,2 milhões de toneladas de soja para a China entre maio e outubro, um aumento de 37,5% em comparação com o mesmo período de 2024.

O Brasil continua sendo o principal fornecedor de soja para a China, com entregas concentradas nos portos de Santos e Paranaguá, e mantém vantagem em preço e qualidade em relação aos Estados Unidos.

O acordo entre China e EUA, firmado após uma reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping em outubro na Coreia do Sul, prevê compras graduais de até 25 milhões de toneladas de soja americana por ano, mas é considerado pelo Itamaraty um gesto político sem aplicação imediata.

As tarifas sobre os produtos dos Estados Unidos permanecem, e as compras previstas de 12 milhões de toneladas até o final do ano são vistas como um sinal de reaproximação diplomática, não como reabertura completa do mercado.

Para os negociadores brasileiros, o verdadeiro risco está no excesso mundial de soja, não em uma substituição direta das exportações.

Há uma avaliação de que a oferta global está acima da demanda e, com o aumento da produção de soja processada nos EUA, devido a políticas de biocombustíveis, combinado com essa aproximação com Pequim, isso pode pressionar os preços e reduzir as margens brasileiras.

No entanto, o Brasil mantém algumas vantagens competitivas importantes: custos de produção em grande escala, soja de qualidade superior com teores mais altos de óleo e proteína, e um calendário de safra que complementa o americano.

A estrutura de compra das esmagadoras chinesas também favorece o Brasil, já que os contratos são divididos em duas etapas ao longo do ano, evitando problemas logísticos.

O Itamaraty entende que Pequim continua cautelosa com Washington e tende a preservar uma relação equilibrada com o Brasil, que se firmou como fornecedor confiável durante as tensões comerciais recentes.

A soja brasileira é essencial para a cadeia de ração e proteína animal na China, que busca diversificar seus fornecedores sem perder a confiabilidade logística.

Por trás das cenas, diplomatas brasileiros apontam que o desafio nacional é transformar a soja em produtos industrializados, especialmente combustíveis.

A recomendação é avançar na industrialização, aumentando o processamento de farelo, óleo e biodiesel, para que o setor brasileiro suporte melhor o impacto do excesso global de soja e mantenha sua rentabilidade.

O foco agora não é aumentar a produção, mas agregar valor e garantir estabilidade num cenário de crescente competição entre as duas maiores economias do mundo.

Veja Também