O Banco Central (BC) do Brasil e o Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, irão definir nesta quarta-feira (17/9) os níveis das taxas de juros. Atualmente, a taxa está em 15% ao ano no Brasil e entre 4,25% e 4,5% ao ano nos EUA.
O mercado financeiro espera que o FED dê início a uma série de reduções nas taxas de juros nos Estados Unidos, o que seria o primeiro corte em 2025 após seis reuniões consecutivas de alta. No Brasil, o mercado aposta na manutenção da taxa Selic no patamar atual até pelo menos o fim de 2025.
Pressão de Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem exercendo pressão para a diminuição das taxas desde sua campanha eleitoral, com o objetivo de reindustrializar o país e estimular a economia local. Ele chegou a afirmar que o chefe do FED é incompetente por não reduzir os juros e prejudicar o mercado imobiliário americano.
Em suas declarações recentes, Trump manifestou expectativa por um corte significativo na reunião do FED. Apesar disso, analistas acreditam que a autoridade monetária deve mesmo iniciar o processo de flexibilização monetária, apoiados por declarações do presidente do FED, Jerome Powell, que indicou que as taxas menores podem ser necessárias para o desenvolvimento do mercado de trabalho.
“Com a política de juros atualmente restritiva, a reavaliação da postura pode ser justificada na mudança do equilíbrio dos riscos,” disse Powell.
Segundo a economista do C6 Bank, Claudia Rodrigues, o FED já percebe sinais de desaceleração na atividade econômica, apesar da solidez do mercado de trabalho. Por exemplo, a criação de empregos diminuiu de 79 mil em julho para 22 mil em agosto, e a taxa de desemprego aumentou de 4,2% para 4,3%.
Ela destacou que o Índice de Preços ao Consumidor subiu 0,4% no último mês, indicando pressão nos preços de bens industriais e serviços. A expectativa é que os aumentos de tarifas sobre importações promovidos pelo governo americano influenciem os preços nos próximos meses, mantendo a inflação alta.
Claudia Rodrigues afirma que a inflação persistente e o risco inflacionário requerem cautela do FED, mas as recentes manifestações de Powell mostram preocupação maior com um possível enfraquecimento do mercado de trabalho do que com a inflação, prevendo um corte de 0,25 ponto percentual, ajustando a taxa para a faixa de 4% a 4,25%.
Cenário brasileiro
No Brasil, a expectativa é que o Banco Central mantenha a taxa de juros em 15% ao ano pelo menos até o final de 2025. O BC tem adotado uma postura cautelosa, focada em levar a inflação à meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
O Comitê de Política Monetária (Copom) prevê pausa no ciclo de alta dos juros para analisar os efeitos dos ajustes já feitos e avaliar se a taxa atual é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta.
Os economistas concordam que a taxa deve ser mantida, mas o destaque está no texto do comunicado que deverá mencionar apenas “período prolongado” ao invés de “período bastante prolongado”.
Para o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, espera-se que o comunicado tenha pequenas mudanças, com ênfase na situação externa, já que os riscos de cortes mais significativos nos EUA aumentaram. Internamente, o Copom continuará sensível às expectativas e ao mercado de trabalho aquecido.
Entendendo os juros no Brasil
A taxa Selic é o principal mecanismo para controlar a inflação no país. O Copom decide suas variações para controlar os preços de bens e serviços.
A elevação dos juros tem o efeito de reduzir consumo e investimentos, tornando o crédito mais caro e desacelerando a economia, o que ajuda a conter a alta dos preços.
Projeções recentes indicam que a taxa Selic deverá permanecer acima de dois dígitos durante o governo Lula e a gestão do presidente Gabriel Galípolo no BC.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 4 e 5 de novembro.