João Gabriel
Nova York, EUA (Folhapress)
O Brasil assinou um acordo com o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, para incentivar o mercado de carbono, o uso de biocombustíveis e a adoção de energias renováveis. A iniciativa vai contra as políticas do presidente Donald Trump, que tem atitudes contrárias às mudanças climáticas.
O acordo foi fechado em Nova York, durante a Assembleia-Geral da ONU e a Semana do Clima.
O documento valoriza a importância da transição para energia limpa e reconhece que a mudança climática é um problema urgente, destacando também o papel dos biocombustíveis.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, é uma figura que se posiciona contra as políticas do presidente Trump dentro dos Estados Unidos. Ele já criticou Trump chamando-o de “ditador falido” em resposta às ações do governo federal para conter protestos em Los Angeles.
Desde o início do seu mandato, Trump reduziu incentivos para políticas ambientais, apoiou combustíveis fósseis e anunciou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, que busca metas para diminuir a emissão de gases poluentes.
Por isso, os Estados Unidos não enviaram representantes para as negociações preparatórias da COP30, a conferência climática da ONU que acontecerá em Belém (PA) neste ano. Em contraste, a Califórnia participou com sua própria delegação.
No começo deste ano, incêndios florestais afetaram grande parte da Califórnia, causando enormes prejuízos financeiros estimados entre 95 e 164 bilhões de dólares. A situação reforça a necessidade de ações contra os impactos climáticos extremos.
No discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, Trump chamou as mudanças climáticas de golpe e a transição energética de esquema, rejeitando as iniciativas.
O acordo foi assinado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pela secretária de Proteção Ambiental da Califórnia, Yana Garcia.
O documento contempla nove áreas de cooperação, incluindo o desenvolvimento do mercado de carbono. No Brasil, essa iniciativa já foi aprovada por lei, mas aguarda regulamentação. O Ministério da Fazenda está cuidando para que o mercado brasileiro possa se conectar com outros mercados internacionais e assim atrair investimentos estrangeiros.
O acordo também estabelece estratégias para garantir que a produção e o consumo de biocombustíveis não causem desmatamento ou prejudiquem os mercados de alimentos.
O assunto é delicado, pois Brasil e Estados Unidos são grandes produtores de soja, o que gera competição no setor de biocombustíveis.
Além disso, o documento compromete as partes a incentivar o hidrogênio renovável e promover o desenvolvimento e integração de energias renováveis, temas contrários à administração Trump.
Outras áreas de cooperação incluem soluções baseadas na natureza, cultura, urbanas e infraestrutura resiliente.