O governo brasileiro enviou uma carta expressando seu descontentamento e solicitando uma resposta dos Estados Unidos sobre a sobretaxa aplicada pelo país. O documento é assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
A carta foi enviada na terça-feira (15) e cobra um retorno após uma primeira comunicação enviada em 16 de maio, antes da sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente americano Donald Trump em uma rede social.
O texto é direcionado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
“O governo brasileiro manifesta sua insatisfação com o anúncio feito em 9 de julho sobre a imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos a partir de 1° de agosto”, informa a carta.
O governo reafirma o interesse em receber comentários das autoridades americanas sobre a proposta brasileira.
“O Brasil está disposto a dialogar com as autoridades dos EUA e negociar uma solução que seja boa para ambos os lados, buscando manter e fortalecer a relação histórica entre os dois países e reduzir os impactos negativos das tarifas no comércio bilateral.”
Na carta, os ministros destacam que desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em abril de 2025, o Brasil tem buscado um diálogo contínuo e sincero com as autoridades americanas para encontrar alternativas para melhorar o comércio entre os países.
O Brasil tem um grande déficit comercial com os Estados Unidos, tanto em bens quanto em serviços, totalizando quase US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos, conforme dados do governo americano citados na carta.
“Para avançar nas negociações, o Brasil pediu em várias ocasiões que os EUA apontassem áreas específicas de preocupação para o governo americano.”
Além disso, em 16 de maio deste ano, o Brasil enviou uma proposta confidencial contendo áreas para possíveis negociações mais aprofundadas para alcançar soluções mútuas.
Geraldo Alckmin participa nesta quarta-feira (16) do segundo dia de reuniões com representantes da indústria e do agronegócio para discutir os impactos e as reações frente à sobretaxa de 50% aplicada pelos EUA sobre produtos brasileiros.
Na terça-feira (15), Alckmin conduziu uma primeira rodada de reuniões com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil).
Nas reuniões, os representantes da indústria sugeriram que o Brasil não adote medidas de retaliação para evitar um conflito bilateral.
Alckmin defendeu que o setor produtivo brasileiro colabore no diálogo com empresas americanas, já que a economia de ambos os países pode ser prejudicada pela tarifa.