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terça-feira, 23/12/2025

Brasil emite certidão de óbito de pianista desaparecido na Argentina em 1976

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A certidão de óbito do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, conhecido como Tenório Jr., foi emitida pelo 4º Ofício do Gama, no Distrito Federal. A informação foi confirmada ao Metrópoles nesta terça-feira (23/12) pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

O documento foi expedido após a solicitação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). Tenório Jr. desapareceu em 18 de março de 1976, depois de deixar o Hotel Normandie, no centro de Buenos Aires, pouco antes do início da ditadura militar argentina.

Desaparecimento do pianista

O corpo do músico Francisco Tenório Cerqueira Júnior foi identificado pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) em 13 de setembro deste ano, por meio das impressões digitais.

No entanto, os restos mortais não foram recuperados, e as investigações indicam que o corpo foi enterrado como “não identificado” no cemitério de Benavídez, Buenos Aires.

Tenório Jr. tinha 35 anos quando viajou para a capital argentina, em março de 1976, para acompanhar Vinícius de Moraes e Toquinho em uma turnê. Seu desaparecimento ocorreu poucos dias antes do golpe que depôs a presidente Isabelita Perón.

Segundo o governo argentino, dois dias após seu desaparecimento, o corpo de um homem foi achado em um terreno baldio na Rua Belgrano, bairro de Tigre. Ele teria sido confundido com um militante político e capturado por agentes do serviço secreto da Marinha argentina.

Procedeu-se então à tentativa de identificação, com coleta das digitais e autópsia, mas o corpo foi enterrado como não identificado em 20 de março de 1976.

Em setembro deste ano, a família recebeu o laudo oficial que indicou a causa da morte: execução por cinco tiros, incluindo um na cabeça, dois no braço esquerdo e três no tronco.

Esforços de investigação

Anos depois, a Procuradoria de Crimes Contra a Humanidade da Argentina iniciou investigações sobre processos feitos entre 1975 e 1983 em Buenos Aires, analisando casos de corpos encontrados nas ruas e enterrados sem identificação para identificar vítimas do regime militar.

A Câmara Federal de Recursos Criminais e Correcionais da Capital Federal ordenou a comparação das impressões digitais coletadas em 1976 com as de Tenório Jr., arquivadas no Brasil, confirmando sua identidade. A família foi oficialmente informada pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e pelo procurador Ivan Marx, conselheiro do colegiado.

Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade, no Brasil, iniciou a busca pelos restos mortais do músico a pedido de seus familiares. Tenório Jr. deixou esposa, Carmen Cerqueira — que estava grávida de oito meses na época — e quatro filhos.

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