O Brasil tem sido altamente demandado por outros países, quebuscam uma avaliação mais realista sobre a situação na Venezuela. A falta de clareza sobre o se passa no país vizinho e se há perspectiva de uma solução pacífica são os principais fatores responsáveis por essa procura.
Segundo diplomatas ouvidos pelo GLOBO, o governo brasileiro é um dos poucos que mantêm contatos tanto com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, como com representantes da oposição, incluindo o concorrente de Maduro na eleição de 28 de julho, Edmundo González, e María Corina Machado.
A resposta do Brasil é que os canais para um diálogo entre Maduro e a oposição estão sendo desenhados e ainda vale a pena insistir na apresentação das atas eleitorais.
A Venezuela mergulhou em uma crise, porque a oposição e parte da comunidade internacional não aceitam a vitória de Maduro, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, e afirma quem venceu a eleição foi González.
O Brasil se uniu à Colômbia na elaboração de uma estratégia para uma negociação e avisou que só vai reconhecer o líder chavista como presidente se as atas eleitorais, mostrando como foi a votação em cada mesa, comprovarem o resultado.
Desde então, os chefes das diplomacias de países como França, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Peru, Argentina, Chile e Equador têm conversado com o chanceler Mauro Vieira. Também houve contatos diretos entre Lula e os presidentes da Colômbia (Gustavo Petro), do México (Manuel López Obrador), da França (Emmanuel Macron), dos EUA (Joe Biden), entre outros.
O ministro das Relações Exeteriores, Mauro Vieira, tem conversado, ainda, com o chanceler venezuelano, Yvan Gil, além de representantes da oposição. As negociações para a abertura de um diálogo estão em andamento.
No último domingo, acompanhados de especialistas internacionais, magistrados do Supremo Tribunal da Venezuela estiveram nas instalações do CNE, em Caracas, para iniciar o processo de validação dos registros das contagens físicas de votos. Ao declarar a vitória de Maduro, o Conselho informou que o mandatário havia sido eleito com 51,95% dos votos, enquanto a oposição garantiu que González venceu com 67% do total.