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quinta-feira, 19/06/2025




Braga Netto é apontado como peça chave na desacreditação das urnas, diz PF

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CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A Polícia Federal enviou ao STF um relatório de investigação que revela novos indícios envolvendo o ex-ministro Braga Netto e seus aliados em uma trama golpista durante o ano de 2022.

O documento baseia-se na análise do celular do coronel da reserva Flávio Peregrino, ex-assessor direto de Braga Netto, focado no contato com a imprensa.

De acordo com a Polícia Federal, o material reforça a participação de aliados de Braga Netto na obtenção do conteúdo do acordo de delação premiada firmado por Mauro Cid com a PF.

O relatório destaca que Braga Netto integrou um grupo de WhatsApp chamado “Eleicoes 2022@” junto com o deputado Osmar Serraglio (PP-PR), o coronel da reserva Franco Duarte, o major da reserva Angelo Denicoli, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Flávio Peregrino.

As conversas do grupo buscavam indícios de fraudes nas eleições presidenciais de 2022. Mensagens contendo dados falsos foram usadas como base por um relatório do Partido Liberal para contestar o segundo turno da eleição.

“As mensagens confirmam o papel central do general Braga Netto em estratégias para desacreditar o sistema eleitoral e as eleições de 2022, sendo fundamental para incentivar seguidores a protestar em frente a quartéis e instalações das Forças Armadas, criando um ambiente favorável a um golpe de Estado”, afirmou a PF.

Em resposta, a defesa do general afirmou que a acusação é infundada, alegando que ele apenas participou de um grupo onde se discutia o registro do PL no TSE. Declararam que a PF tenta induzir erro com interpretações que não correspondem às provas e ressaltaram que Braga Netto sempre respeitou as instituições democráticas e o processo eleitoral.

O relatório também menciona que Braga Netto considerou apoiar uma ruptura institucional após as manifestações golpistas realizadas por Bolsonaro em 7 de setembro de 2021.

Naquele dia, Bolsonaro fez um forte discurso contra o Supremo, ameaçando não cumprir mais suas decisões e criticando diretamente o ministro Alexandre de Moraes.

Dois dias depois, Bolsonaro recuou após reunião com o ex-presidente Michel Temer, divulgando uma nota afirmando que não tinha intenção de atacar qualquer poder e que a harmonia entre eles é uma determinação constitucional.

Em 10 de setembro de 2021, Braga Netto enviou mensagem ao tenente-coronel Mauro Cid sobre uma notícia envolvendo indígenas comemorando voto do ministro Edson Fachin. Ele sugeriu que poderiam “virar a mesa” e indicou que, se o Supremo não cumprisse um acordo não detalhado, Bolsonaro revelaria esse acordo e romperia com o tribunal.

A Polícia Federal conclui que essas conversas reforçam a intenção de Braga Netto e seus aliados de romper com o regime democrático, atacando o Poder Judiciário antes mesmo do fim das eleições de 2022.

Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, suspeito de tentar obstruir investigações. A PF afirma que ele tentou obter detalhes da delação premiada de Mauro Cid em conversas com o pai do tenente-coronel.

Ele é réu no STF por envolvimento na organização do plano golpista de 2022. Em depoimento, negou participação em tentativa de golpe de Estado e apontou contradições no depoimento de Cid para sua defesa.




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