Segundo José Guimarães (PT-CE), líder do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara, o ambiente no governo não é de celebração, mas de prudência diante da detenção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado ressaltou que o Executivo concentrará seus esforços para evitar que este acontecimento afete as votações no final do ano, especialmente o Orçamento, e para restabelecer as relações com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
“Tenho notado que não prevalece um clima de celebração, mas sim de cautela. É fundamental, primeiramente, apoiar o ministro Alexandre de Moraes e, em seguida, assegurar o vigoroso funcionamento das instituições do Estado Democrático de Direito. A prisão comprova a atuação das instituições. Portanto, a Justiça está sendo aplicada. Ele deverá cumprir sua sentença, ninguém está acima da lei”, declarou Guimarães ao Metrópoles.
A detenção de Bolsonaro ocorreu na manhã de sábado (22/11), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), após o ex-presidente tentar burlar sua tornozeleira eletrônica. A oposição alertou que poderá reagir, obstruindo votações no Congresso até que seja analisado o projeto de anistia aos envolvidos no episódio de 8 de janeiro, ameaçando até paralisar o Orçamento de 2026.
Guimarães destacou que o governo precisa manter o foco em garantir a aprovação de quatro pautas principais: o projeto que endurece regras para o ‘devedor contumaz’; a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reformula a Segurança Pública; a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, sendo estas últimas fundamentais para o orçamento federal do próximo ano.
“Se a votação acontecerá ou não, isso é outra questão, pois existem outros desafios a serem superados”, comentou o líder governista. Questionado sobre a natureza desses desafios, explicou: “Houve um atrito com o PL Antifacção e estamos dialogando para superar essa fase e votar os projetos, restaurar a relação com as duas Casas, essa é uma prioridade do governo”, afirmou o líder petista.
Ele mencionou os recentes desentendimentos entre o governo e Hugo Motta, que criticou publicamente Lula por sua posição contrária ao PL Antifacção. A proposta, inicialmente criada pelo Planalto, teve a relatoria concedida a um oposicionista, Guilherme Derrite (PP-SP), que promoveu várias alterações, incluindo impactos financeiros na Polícia Federal, o que levou a base do governo a votar contra.
“Quem comanda o governo deve evitar conflitos constantes. Como líder do governo, convivi por dois anos com a presidência de Arthur Lira, votando todas as matérias importantes, inclusive as polêmicas. Minha função é liderar o governo, que conta com diversas forças de apoio. Defender as posições do governo não implica romper a relação. Nosso papel é restabelecer e manter a identidade do governo, com respeito”, explicou Guimarães.
Em suma, o deputado afirmou que a prisão não modificará a agenda governamental. “Estamos empenhados em recuperar e consolidar os fundamentos para o crescimento econômico, aprovar os projetos necessários para preparar o país para 2026. Acredito que o Congresso não permitirá que este evento comprometa decisões essenciais para o país, como o Orçamento. O Congresso sempre demonstrou compromisso com a nação e não se deixará levar por isso”, finalizou Guimarães.
