CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado no sábado (21) em Brasília para realizar uma série de exames médicos, depois de cancelar compromissos políticos em Goiás devido a problemas de saúde.
Os exames têm como objetivo determinar se o desconforto sentido por Bolsonaro está ligado à cirurgia abdominal que ele passou em abril. A necessidade de internação será avaliada ao longo do dia com base nos resultados, conforme informado por pessoas próximas ao ex-presidente à Folha de S.Paulo.
Bolsonaro está recebendo cuidados no hospital DF Star. O médico Claudio Birolini, líder da equipe médica que acompanha o ex-presidente, viajou de São Paulo a Brasília para supervisionar os exames.
Na manhã da sexta-feira (20), Bolsonaro passou mal durante uma agenda política em Anápolis (GO), onde receberia um diploma de honra ao mérito da prefeitura local. O evento foi cancelado e o ex-presidente retornou a Brasília por motivos de saúde.
Antes do episódio, Bolsonaro visitou o Frigorífico Goiás, que havia recebido atenção na campanha eleitoral com o lançamento da “Picanha Mito” ao preço simbólico de R$ 22, número que representa o ex-presidente nas urnas. Essa ação motivou uma investigação da Polícia Federal por propaganda eleitoral irregular.
Na véspera, Bolsonaro participou de evento na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, onde recebeu o título de cidadão honorário. Naquele momento, pediu desculpas e comentou que estava se sentindo muito mal.
“Vomito dez vezes por dia”, relatou. Ele também mencionou que muitos duvidaram de sua vitória em 2018, decisão que, segundo ele, foi alcançada “pela mão de Deus”.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), aliado de Bolsonaro, afirmou que ninguém na política brasileira fez um sacrifício tão grande quanto o ex-presidente faz diariamente, ressaltando a resistência que ele tem demonstrado.
“Quando chegamos ao auditório, ele já dizia há uma hora que não estava bem, cansado e que não conseguiria discursar. Já o vi fazer isso várias vezes, mas quando sente o apoio e afeto das pessoas, sente-se na obrigação de retribuir”, explicou Gayer.
Bolsonaro passou por uma complexa cirurgia abdominal em abril, que durou cerca de 12 horas, recebendo alta três semanas depois. Essa foi a sexta e mais extensa cirurgia relacionada à facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora (MG).
Na semana anterior, Bolsonaro foi submetido a um interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) com o ministro Alexandre de Moraes, pela primeira vez respondendo a questionamentos da corte sobre o caso. Ele negou que tenha planejado um golpe de Estado, mas reconheceu ter discutido alternativas constitucionais com chefes das Forças Armadas.
Inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF sob acusação de liderar uma tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Lula.
Bolsonaro é acusado de diversos crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada e danos ao patrimônio público. Caso seja condenado, poderá cumprir mais de 40 anos de prisão e ter seu período de inelegibilidade ampliado para além de 2030.