O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi detido no sábado (22/11), antecipando sua transferência para um regime fechado (ainda preventivo) devido a um suposto episódio em que tentou violar sua tornozeleira eletrônica. Essa ação ocorreu fora do previsto por seus aliados, sem o comum anúncio ou indicação clara de quem seria seu preferido para liderar a direita, intensificando o clima de disputa para a escolha do candidato conservador à Presidência em 2026.
Essa prisão surpreendeu tanto seus companheiros quanto seus apoiadores. As imagens da tornozeleira sendo violada com ferro quente rodaram o país após serem divulgadas. Nos bastidores, líderes da direita e esquerda acreditavam que Bolsonaro só iria para um regime fechado a partir da próxima segunda-feira (22/11), quando expiraria o prazo para recursos na ação penal relacionada à tentativa de golpe, e por um período curto. A expectativa dos aliados era que o capitão cumprisse uma semana na cela e depois retornasse para prisão domiciliar.
Nesse contexto, Bolsonaro teria o papel de maestro oculto na reorganização da direita para as eleições de 2026. A estratégia era demonstrar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes bom comportamento e alegar problemas de saúde incompatíveis com o regime fechado. Em casa, permaneceria inelegível e proibido de fazer campanha, mas manteria influência nas decisões da oposição e conflitos sobre candidaturas estaduais.
No entanto, a realidade mudou com a violação da tornozeleira e a prisão no sábado, que os aliados interpretaram como uma decisão dura de Moraes. Bolsonaro deixou sua residência em Brasília (DF) sem a chance de discursar uma última vez para os apoiadores que fariam vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, que foi um dos motivos alegados para a detenção.
Candidatos a substituir Bolsonaro
Até o momento, cinco nomes são cogitados para concorrer pela direita em 2026 com apoio do Centrão: os governadores Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A disputa, até então clara, aguardava uma escolha de Bolsonaro para representá-lo até março do próximo ano.
Com a detenção, os aliados de Bolsonaro acreditam que o senador Flávio Bolsonaro ganhará mais destaque na cena política. Como a vigília promovida por ele foi usada como justificativa para a prisão, há expectativa de que ele assuma o posto de presidenciável. Até agora, ele foi o filho que menos se envolveu em confrontos com o STF.
Alguns líderes do PL sugerem que Flávio poderia ser o vice em uma chapa que busque captar os votos bolsonaristas. Entretanto, essa composição não agrada ao Centrão, que também quer a vaga de vice e teme herdar a rejeição associada ao nome Bolsonaro.
Há inquietação de que, sem maiores intervenções ou pedidos do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), outro filho, possa gerar mais conflitos com os concorrentes à sucessão do pai. Recentemente, Eduardo trocou críticas públicas com Tarcísio de Freitas, acusando o governador de São Paulo de tentar se beneficiar da situação difícil de Bolsonaro para se promover como possível candidato em 2026. No meio da disputa, Eduardo também se apresentou como candidato na ausência do pai.
