ANA POMPEU e CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Nesta segunda-feira (16), os advogados apresentaram um pedido para novas investigações, questionando a autenticidade das declarações do militar.
Este é o momento no processo sobre a trama golpista de 2022 em que o relator abriu prazo para a inclusão de novas provas, perícias ou depoimentos de testemunhas.
De forma semelhante à defesa do general Walter Braga Netto, os advogados de Bolsonaro concentraram esforços em obter mais informações acerca dos perfis “@gabrielar702” e “Gabriela R”, supostamente usados pelo ex-ajudante de ordens para comentar com amigos sobre sua colaboração premiada.
A equipe de Bolsonaro destacou que as conversas reveladas indicam violação do acordo de delação, incluindo o vazamento de informações confidenciais e declarações falsas durante audiência, motivos suficientes para a revogação do acordo.
Na última sexta-feira (13), o ministro Moraes ordenou que a Meta forneça dados sobre os perfis mencionados, preservando seu conteúdo, detalhando acessos às contas e todas as mensagens trocadas entre 1º de maio de 2023 e 13 de junho de 2025.
No mesmo dia, Mauro Cid foi alvo de nova busca e interrogatório pela Polícia Federal em Brasília, onde foi chamado para explicar mensagens que sugerem que teria compartilhado detalhes de seus depoimentos com amigos, conforme revelado pela revista Veja.
Mensagens encontradas mostram que o perfil @gabrielar702 expressou em primeira pessoa sentir pressão durante os depoimentos e indicou que os investigadores tinham como objetivo prender o ex-presidente Bolsonaro.
Na petição entregue a Moraes, os advogados de Cid afirmaram que as falas do delator ultrapassam o simples uso indevido de redes sociais e envolvem falsas declarações prestadas em seu interrogatório.
Além disso, solicitaram dados detalhados sobre dispositivos que acessaram as contas, informações para recuperação, outros perfis vinculados ao mesmo dispositivo, além de conteúdos e metadados relacionados a diversas redes da Meta, abrangendo o período entre maio de 2023 e junho de 2025.
Paralelamente, a defesa do ex-chefe da Marinha, Almir Garnier Santos, pediu esclarecimentos sobre o uso de tanques de guerra em um desfile na Esplanada dos Ministérios no dia da votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.
Santos foi responsável pela mobilização dos veículos militares e afirmou que o deslocamento ocorreu em contexto da Operação Formosa, cujo planejamento antecedeu a data originalmente prevista para a votação.
Os advogados solicitam que Moraes oficie ao Comando de Operações Navais e ao Ministério da Defesa para confirmar a data da ordem relativa à operação.