Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, declarou que o Pix foi uma ideia sua e sugeriu que uma investigação comercial contra o Brasil pode estar ligada ao impacto financeiro do sistema de pagamentos. Ele se colocou disponível para conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para resolver o impasse tarifário entre os países.
Bolsonaro afirmou que, antes do Pix, os bancos lucravam muito com cartões, mas com o Pix, TED e DOC, sofreram perdas superiores a 20 bilhões de reais. Ele ressaltou que nunca aplicou taxas ao Pix e que o sistema leva seu nome.
Na verdade, o Pix foi concebido durante o governo de Michel Temer, em 2018, e lançado em novembro de 2020, conforme verificado pelo Estadão. Na ocasião do lançamento, Bolsonaro mesmo demonstrou desconhecer o sistema, confundindo o termo Pix com algo relacionado à aviação civil.
Bolsonaro acredita que conseguiria barrar as investigações e as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros. Ele afirmou estar disposto a negociar diretamente com Trump caso tenha autorização para viajar.
O ex-presidente teve seu passaporte retido em fevereiro de 2024, no âmbito de uma investigação da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe.
Bolsonaro destaca papel do filho Eduardo nos EUA
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, está nos Estados Unidos desde março em tentativas de obter sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Segundo Bolsonaro, Eduardo é mais útil nos EUA e pode ajudar a barrar a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros.
A licença parlamentar de Eduardo Bolsonaro termina em 20 de julho, podendo ele perder o mandato caso permaneça nos EUA. Ele já anunciou que abrirá mão do cargo na Câmara dos Deputados, mas Bolsonaro ressaltou que o filho terá novas oportunidades em solo americano.
Bolsonaro comentou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não terá sucesso em negociar com Trump porque a questão é entre os EUA e o Brasil, não com um estado isolado.
Na quinta-feira, Bolsonaro visitou o Senado e o gabinete do senador e filho, Flávio Bolsonaro, acompanhado de parlamentares do PL, incluindo Sóstenes Cavalcante, líder da legenda na Câmara.
Depois de ameaçar o Brasil com tarifas de importação de 50% a partir de agosto, o governo Trump ampliou as retaliações comerciais. Na terça-feira, o Escritório do Representante Comercial dos EUA iniciou uma investigação sobre o Brasil, com base na Lei de Comércio de 1974.
Questionado se seria o responsável pelo aumento das tarifas dos EUA, Bolsonaro negou, afirmando que as medidas afetam o mundo todo.
Pesquisa Genial/Quaest mostrou que 72% dos brasileiros consideram erradas as tarifas impostas por Trump, enquanto apenas 19% acreditam que ele está certo.
Estadão Conteúdo