Marianna Holanda
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta quarta-feira (25) que algumas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) estariam criando um cenário favorável para a reeleição do presidente Lula (PT).
Segundo ele, a conjuntura atual inviabiliza qualquer contestação à campanha do petista. Ele mencionou decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2022 que impediram sua campanha de associar Lula a regimes autoritários em propagandas de rádio e TV.
“Com a decisão final do Supremo sobre esses temas, as eleições do próximo ano serão complicadas. O ambiente está sendo preparado para que, se Lula for candidato, ele seja reeleito sem oposição”, afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio bolsonarista AuriVerde Brasil.
Bolsonaro não especificou quais decisões favorecem o petista. Ele está inelegível, e a disputa no campo de direita já ocorre nos bastidores, apesar de rejeitar publicamente essa possibilidade.
Pesquisa Datafolha do dia 16 indica Lula liderando a intenção de voto para o primeiro turno, e Bolsonaro seria o adversário mais forte.
Nos cenários de segundo turno, o petista está empatado com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.
Na entrevista, Bolsonaro alegou perseguição a potenciais candidatos ao Senado em 2026, mencionando seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro. Para ele, Eduardo ainda pode se tornar inelegível.
“Eduardo Bolsonaro pode enfrentar dificuldades, pois está sob investigação por atentado contra o estado democrático e conspiração contra instituições brasileiras, com pena prevista de até doze anos. A situação é incerta para ele,” disse.
Bolsonaro também comentou ter conversado com Carlos Bolsonaro sobre a possibilidade do filho concorrer ao Senado por Santa Catarina, referindo-se ao indiciamento recente de Carlos pela Polícia Federal.
Segundo reportagens, Bolsonaro reconhece que Eduardo não concorrerá ao Senado por São Paulo e demonstra insatisfação com a antecipação da disputa por essa vaga sem sua consulta.
Durante toda a entrevista, Bolsonaro apresentou sintomas de soluços. Na semana passada, afastou-se de compromissos públicos após diagnóstico de pneumonia viral, mas planeja retomar a agenda em Belo Horizonte na quinta-feira (26).
Durante sua presidência, Bolsonaro fez diversas declarações golpistas, gerou crise entre os poderes, questionou as eleições de 2022 e ameaçou descumprir decisões do STF, além de fomentar uma campanha contra a confiabilidade do sistema eleitoral.
Após sua derrota para Lula, apoiou a criação de acampamentos golpistas que culminaram nos ataques de 8 de janeiro.
Nesse período, manteve seus seguidores na expectativa de continuar no poder e admitiu publicamente reuniões com militares e assessores para discutir interferência no TSE e anulação das eleições.
Conhecido por ser nostálgico da ditadura militar brasileira (1964-1985) e seus métodos antidemocráticos, Bolsonaro já foi condenado pelo TSE por mentiras sobre o sistema eleitoral e é réu no STF acusado de liderar o golpe de 2022. Atualmente está inelegível até pelo menos 2030.
Se condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de derrubada violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano agravado por violência, grave ameaça ao patrimônio público e destruição de patrimônio histórico, pode cumprir pena superior a 40 anos de prisão.