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segunda-feira, 20/10/2025

Bolsonarismo de São Paulo não apoia candidatura de Ricardo Nunes para governador

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Em São Paulo, a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) para governador enfrenta forte rejeição por parte do bolsonarismo local, que em grande parte não quer apoiar uma nova tentativa eleitoral do prefeito. Para esse grupo, o apoio dado à reeleição dele no ano passado trouxe prejuízos ao setor, principalmente pela participação do ex-técnico Pablo Marçal (PRTB), que tem apelo ideológico e identificação com o eleitorado de Jair Bolsonaro (PL). Agora, aliados do ex-presidente acreditam que a disputa para substituir Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve ser feita por alguém que tenha uma ligação clara com a direita.

Ricardo Nunes declarou que pretende cumprir seus quatro anos no mandato atual. Ele afirmou que estão “atacando o lado errado” e que está “concentrado nos resultados”.

Embora negue publicamente, Nunes já trabalha nos bastidores para concorrer ao governo do estado, dependendo da candidatura presidencial de Tarcísio, que ainda está indefinida. No prédio da Prefeitura de São Paulo, a possibilidade de sua candidatura é comentada abertamente, o que tem irritado os bolsonaristas, que acreditam que Bolsonaro será candidato à presidência e Tarcísio tentará a reeleição no governo de São Paulo.

A tensão aumentou depois que o secretário municipal de Segurança Urbana, Orlando Morando, publicou em rede social uma pesquisa indicando Ricardo Nunes como líder na corrida para governador, com a legenda “Tarcísio de Freitas presidente e Ricardo Nunes governador“. Nunes disse que não foi consultado e não apoia essa declaração, mas alguns de seus aliados compartilharam conteúdos semelhantes.

O deputado estadual Lucas Bove (PL), um dos bolsonaristas mais próximos do ex-presidente na Assembleia Legislativa de São Paulo, afirmou que se incomoda ao ver pessoas apoiadas por Bolsonaro e Tarcísio agindo de maneira precipitada. Segundo ele, Ricardo Nunes teve uma eleição difícil e deve cumprir seu mandato de quatro anos, esperando a decisão do presidente Bolsonaro antes de se lançar candidato ao governo.

Bove ressaltou que o Partido Liberal (PL), com as maiores bancadas na Câmara e na Assembleia paulista, será decisivo na escolha do candidato. Em 2022, o PL abriu mão de concorrer ao governo para apoiar Tarcísio, que se filiou ao Republicanos em acordo com o presidente Bolsonaro. Caso Tarcísio concorra à presidência, o PL terá seu próprio candidato para governador e quer ter destaque na disputa.

Além da resistência do bolsonarismo, Ricardo Nunes enfrenta críticas pelo vice-prefeito Ricardo Mello Araújo (PL), quem assumiria a prefeitura caso Nunes renuncie. Muitos não querem alguém com o perfil do vice no comando da cidade.

Outro deputado bolsonarista na Alesp, Tenente Coimbra (PL), também rejeita a candidatura de Nunes. Ele critica a falta de posicionamento claro do prefeito em relação ao ex-presidente Bolsonaro, que utiliza tornozeleira eletrônica por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, a direita precisa de alguém mais firme, como o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ligado a Tarcísio.

Ricardo Nunes criticou as ações da Polícia Federal contra Bolsonaro e a imposição de medidas pelo STF, pedindo equilíbrio e solidariedade ao ex-presidente.

Alguns bolsonaristas reclamam que Nunes não tem dado espaço a aliados do grupo na administração municipal. O prefeito respondeu que “estão atacando o lado errado” e que continua focado em resultados, convidando quem quiser contribuir para se juntar ao trabalho e não causar confusão.

O presidente do PL na cidade de São Paulo, vereador Isac Felix, destacou que o partido já ocupa dois cargos na gestão: com Luiz Fernando Machado, ex-prefeito de Jundiaí, na Secretaria de Desestatização e Parcerias, e Rodrigo Ashiuchi, ex-prefeito de Suzano, na Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Ele minimizou as críticas sobre falta de espaço, dizendo que disputas são normais em coligações com vários partidos.

Nem todos os bolsonaristas rejeitam a candidatura de Nunes. O deputado estadual Danilo Campetti (Republicanos), que assumiu cargo na Alesp em acordo envolvendo o prefeito e o governador, disse que seguirá a orientação de Bolsonaro e Tarcísio, trabalhando por quem eles apoiarem.

Uma preocupação comum entre os bolsonaristas é que uma candidatura de Nunes repita o cenário de 2022, onde um nome identificado com a direita acabou dividindo os votos ideológicos. Por outro lado, ter a Prefeitura sob controle bolsonarista é visto como uma vantagem.

Aliados destacam visibilidade como ponto forte

Aliados de Ricardo Nunes minimizam a resistência do bolsonarismo e afirmam que o prefeito é o favorito para suceder Tarcísio, por ser o chefe do executivo da capital e muito conhecido pelos eleitores, o que é uma vantagem sobre nomes menos conhecidos como o vice-governador Felício Ramuth (PSD) e o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado.

Coordenadores do prefeito afirmam que se Tarcísio disputar a presidência, precisará de um candidato forte para o governo de São Paulo capaz de compensar a liderança do petista Lula, e que Nunes pode ser esse nome.

Para o cientista político Elias Tavares, a candidatura de Nunes depende menos do cargo que ocupa e mais do apoio de Tarcísio e do bolsonarismo. Nunes tem vantagens como liderar pesquisas e contar com o apoio do MDB, além de ter como vice o coronel Mello Araújo, que assumiria a prefeitura caso o prefeito deixe o cargo, mantendo o controle da capital pela direita.

Tavares também lembra que a população pode reagir mal a um prefeito que abandona o mandato antes da metade do tempo, o que pode ser um obstáculo para Nunes.

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