A Bolsa de Valores do Brasil atingiu 150 mil pontos pela primeira vez nesta segunda-feira (3), logo no início das negociações.
Esse novo recorde fortalece os ganhos da semana passada e marca um ponto importante para o mercado, podendo incentivar novas valorizações.
Às 12h, o Ibovespa subia 0,73%, chegando a 150.634 pontos, a máxima do dia até o momento. O dólar, por sua vez, caía 0,63%, cotado a R$ 5,346.
Hoje, o mercado está focado nas indicações sobre a taxa de juros do Fed (Banco Central dos Estados Unidos) e, no Brasil, na expectativa pela decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa Selic.
Com uma agenda econômica mais leve, o mercado acompanha os destaques da semana. No cenário internacional, a atenção está nos dados de emprego ADP dos EUA, que monitoram a criação de vagas no setor privado. Esse relatório, esperado para quarta-feira, é uma importante referência para avaliar a economia americana, especialmente com a paralisação do governo federal, que está na quinta semana, afetando a divulgação de dados oficiais.
O momento é delicado para o Fed, que depende dessas informações para definir a taxa de juros. Sem os dados oficiais, a autoridade tem buscado fontes alternativas para suas decisões, porém enfrenta incertezas, já que os dirigentes estão divididos sobre as estratégias para controlar a inflação e manter o emprego.
Na última reunião, o Fed decidiu continuar a reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, mantendo a taxa entre 3,75% e 4%. Essa decisão foi tomada com 10 votos a favor e 2 contrários. Estes últimos pediram, respectivamente, um corte maior de 0,5 ponto e a manutenção da taxa atual.
Essa divisão é rara, ocorrendo pela terceira vez desde 1990, demonstrando discordâncias tanto para políticas mais flexíveis quanto mais rígidas.
Novos cortes nos juros não são garantidos e, segundo Jerome Powell, presidente do Fed, há opiniões variadas sobre o caminho a seguir em dezembro.
As autoridades reconhecem as dificuldades causadas pela paralisação do governo e adotam uma postura cautelosa. Powell comparou a situação a dirigir na neblina: a melhor escolha é reduzir a velocidade.
O relatório ADP ganha importância por fornecer pistas sobre o mercado de trabalho na ausência de dados oficiais, destaca Matthew Ryan, estrategista de mercado da Ebury.
Reduções nas taxas de juros nos EUA costumam beneficiar os mercados globais. Como a economia americana é considerada a mais estável, os títulos do Tesouro (treasuries) são investimentos seguros.
Quando os juros estão altos nos EUA, investidores retiram dinheiro de outros mercados para aplicar nas treasuries. Com juros mais baixos, eles buscam diversificar e investir em outros ativos.
No Brasil, um fator adicional favorece os investimentos locais: a diferença entre as taxas de juros.
Quando os juros americanos caem e a Selic brasileira se mantém alta, os investidores aproveitam essa diferença para fazer operações de “carry trade” – pegam empréstimos a juros baixos nos EUA para investir no Brasil, o que valoriza o real em relação ao dólar.
A decisão do Copom sobre a Selic, atualmente em 15% ao ano, é fundamental para o mercado. O comitê se reúne entre terça e quarta-feira desta semana. A expectativa é que a taxa seja mantida até o final do ano, conforme o Boletim Focus de hoje.
O foco está nas indicações para as próximas reuniões. Na última decisão, o Copom afirmou que manterá a Selic elevada por um período “bastante prolongado” para que a inflação caia para a meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Segundo Leonel Mattos, analista da StoneX, o banco central se sente confortável em manter a taxa alta devido à força do mercado de trabalho.
Na sexta-feira, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre até setembro, o menor índice desde 2012.
Com o mercado de trabalho aquecido e salários em alta, a demanda dos consumidores deve se manter forte, mantendo a pressão sobre a inflação. Atualmente, o mercado estima o primeiro corte na Selic só para o segundo trimestre de 2026.
Mattos destaca que juros elevados por mais tempo tendem a fortalecer o diferencial brasileiro e atrair investimentos externos.

