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terça-feira, 30/12/2025

Bolsa cresce 33,7% em 2025, maior alta desde 2016

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Em Brasília

MAELI PRADO E JÚLIA MOURA
FOLHAPRESS

O índice Ibovespa e a moeda real tiveram seus melhores resultados desde 2016 em 2025, impulsionados por investidores estrangeiros que buscaram diversificar seus investimentos fora dos Estados Unidos.

De acordo com dados preliminares, o principal índice da Bolsa brasileira registrou um aumento de 33,7% em 2025, enquanto em 2016 o crescimento foi de 39%, um ano marcado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff — em dólares, essa foi a maior variação dos últimos nove anos.

O real também se valorizou em relação ao dólar, cuja cotação caiu 11,19%, a maior baixa desde 2016, quando a queda foi de 17,8%.

“O principal motivo para a alta da Bolsa brasileira foi a redução da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, que cortou as taxas três vezes. Isso tende a direcionar recursos de investimentos de menor risco para aqueles com maior risco, como créditos privados, ações e mercados emergentes”, explica Rafael Costa, fundador da Cash Wise Investimentos.

Em 2025, o Fed reduziu a taxa de juros dos Estados Unidos de uma faixa entre 4,25% a 4,5% ao ano para 3,5% a 3,75% ao ano.

O forte ingresso de recursos estrangeiros nos mercados emergentes, incluindo o Brasil, impulsionou a valorização dos ativos em vários países.

Até 23 de dezembro, a B3 recebeu R$ 26,8 bilhões em investimentos externos, beneficiada pelo início do ciclo de redução dos juros nos EUA e pela desvalorização do dólar no mercado global.

Além disso, preocupações com a política econômica protecionista do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também incentivaram o aumento do apetite ao risco por parte dos investidores estrangeiros, atraindo-os para os mercados emergentes.

“As incertezas e ruídos relacionados às tarifas levaram à saída de capital dos EUA e à busca por oportunidades fora do eixo americano, beneficiando países emergentes como o Brasil”, afirma Bruna Sene, analista de Renda Variável da Rico.

O término do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, e o início da expectativa de queda dos juros a partir do início do próximo ano também estimularam o otimismo dos investidores.

Segundo Tales Barros, diretor de renda variável da W1 Capital, “tanto no Brasil quanto no exterior, principalmente nos Estados Unidos, o mercado começou a precificar cortes futuros de juros, reduzindo o custo de oportunidade para investimentos”.

Ele ainda destaca que muitas empresas do Ibovespa estavam com preços relativamente baixos em relação aos lucros históricos e comparados a seus pares globais, atraindo assim mais investidores.

Para Tales Barros, o bom desempenho do índice não reflete melhorias significativas na economia brasileira. “A inflação ainda está resistente e a situação fiscal permanece delicada, porém o desemprego apresentou leve queda”.

Einar Rivero, CEO da consultoria Elos Ayta, ressalta que 2025 foi um ano de alta consistente para o Ibovespa, com várias quebras de recordes de preços e uma valorização expressiva.

No entanto, ele alerta para a queda no volume financeiro da B3, que pode indicar uma fragilidade na sustentação do movimento. O volume médio diário do mercado à vista foi de R$ 16,4 bilhões no terceiro trimestre, o menor desde 2019.

“Esse comportamento sugere que a alta da bolsa não tem sido acompanhada por uma maior participação dos investidores, o que pode indicar fragilidade na tendência”, explica.

Para 2026, a expectativa é que o cenário positivo para a Bolsa continue, apesar da volatilidade prevista, especialmente pelos efeitos das eleições.

Bruna Sene destaca que fatores domésticos, como possíveis cortes na Selic já no primeiro trimestre, historicamente favorecem a renda variável: “Nos últimos cinco ciclos de queda de juros no Brasil, o Ibovespa subiu em 100% dos casos nos seis meses seguintes ao primeiro corte”.

As projeções do Itaú indicam que o índice deve alcançar entre 165 mil e 180 mil pontos, podendo chegar a 189 mil em um cenário otimista. A XP projeta um patamar justo em 185 mil pontos, com um cenário pessimista em cerca de 144 mil pontos e o cenário mais positivo em 224 mil pontos.

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