A Bolsa Brasileira atingiu um novo recorde histórico pelo terceiro dia consecutivo, reagindo a um resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre abaixo do esperado. Este cenário reforça a expectativa de que a taxa Selic, atualmente em 15%, poderá sofrer redução.
Na manhã desta quinta-feira (4), o índice Ibovespa subiu 1,24%, alcançando 163.772 pontos e chegou a atingir 164.057 pontos, ultrapassando pela primeira vez as marcas de 162, 163 e 164 mil pontos durante as negociações.
Simultaneamente, o dólar apresentou queda de 0,37%, sendo cotado a R$ 5,293, uma queda mais acentuada do que a observada em outras moedas. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras seis moedas importantes, manteve-se quase estável, com uma leve queda de 0,01%.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia do Brasil mostrou uma leve desaceleração no terceiro trimestre de 2025, crescendo apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior, o que indica estabilidade após aumentos de 0,3% e 1,5% nos trimestres anteriores, respectivamente.
Os analistas esperavam um crescimento maior, cerca de 0,2%, e o resultado ficou dentro da maioria das previsões, que variavam de queda de 0,5% até crescimento de 0,3%.
Leonel Mattos, especialista em análise de mercado, explica que o crescimento mais lento sugere que a política de juros altos está reduzindo o ritmo da economia, o que diminui os riscos de alta na inflação e aumenta a probabilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) decida cortar juros.
A economia brasileira começou 2025 com forte impulso devido à safra recorde de grãos, mas depois mostrou sinais de desaceleração, influenciada pelos juros elevados. O setor de serviços, que tem grande peso no PIB, permaneceu praticamente estável, o que indica menor dinamismo.
Rafael Perez, economista da Suno Research, afirma que o país passou por três fases distintas durante o ano: um início forte no primeiro trimestre, uma desaceleração no segundo, e um terceiro trimestre de acomodação sentindo os efeitos dos juros altos e a desaceleração mais ampla da economia.
O Banco Central anunciou que deve manter a taxa Selic em 15% por um período prolongado, conforme declaração do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que destacou a necessidade de uma postura conservadora diante do mercado de trabalho aquecido.
Em novembro, o Banco Central reforçou que manterá os juros altos para alcançar a meta de inflação central de 3%, que é considerada descumprida se o índice ficar fora do intervalo entre 1,5% e 4,5% por seis meses consecutivos.
A próxima reunião do Banco Central está marcada para os dias 9 e 10 de dezembro, com expectativa de manutenção da taxa Selic.
No cenário internacional, a atenção está voltada para os dados sobre os pedidos semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos. Recentemente, o setor privado norte-americano fechou mais vagas do que abriu em novembro, contrariando expectativas e sinalizando um enfraquecimento maior que o previsto, conforme relatado por João Soares, sócio-fundador da Rio Negro Investimentos.
O relatório oficial sobre o emprego, importante para decisões do Federal Reserve (Fed), está atrasado devido à paralisação do governo e será atualizado somente em 16 de dezembro. Até lá, o Fed baseará suas decisões em dados regionais e indicadores do setor privado.
A ferramenta FedWatch aponta quase 89% de chance de redução dos juros nos EUA para uma faixa entre 3,50% e 3,75% em dezembro, atualmente entre 3,75% e 4,00%.
Redução dos juros nos EUA frequentemente favorece os mercados globais, pois os títulos do Tesouro americano, considerados investimentos seguros, tornam-se menos atrativos com juros menores, estimulando investidores a buscar alternativas de maior rendimento, como a renda fixa brasileira.
Essa dinâmica também fortalece a estratégia conhecida como “carry trade”, na qual investidores tomam dinheiro emprestado a juros baixos nos EUA para investir em ativos brasileiros com maior rentabilidade, contribuindo para a valorização do real.

