LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou nesta segunda-feira (23) que sua subsidiária, BNDESPar, retomará investimentos em renda variável após quase uma década. Essa categoria de investimento inclui a compra de ações de empresas e investimentos por meio de fundos, sem garantias pré-definidas de retorno.
O banco pretende alocar até R$ 10 bilhões em companhias que atuam em iniciativas voltadas para a transição ecológica, descarbonização e inovação, concentrando seus esforços em projetos dessas áreas.
Segundo o BNDES, os recursos para esses investimentos virão da venda de participações em empresas já consolidadas e dos dividendos recebidos.
Serão destinados até R$ 5 bilhões para investimentos diretos, que estarão disponíveis para empresas que requisitarem recursos até o final deste ano, e outros R$ 5 bilhões serão aplicados por meio de fundos de investimento, conforme comunicado emitido pelo banco.
O anúncio foi feito durante a celebração dos 73 anos do BNDES, realizada no Rio de Janeiro.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou: “Após quase dez anos sem novos investimentos diretos em renda variável e um longo período dedicado à venda massiva de participações e retração da carteira herdada de gestões anteriores, o governo do presidente Lula retoma a missão da BNDESPar de promover o desenvolvimento do país fortalecendo o mercado de capitais”.
Ele acrescentou que o banco tem uma nova estratégia, focada em investir na economia verde e na inovação, alcançando empresas de diversos tamanhos.
Historicamente, a política do banco em investir em ações de grandes empresas nacionais, chamadas de “campeãs nacionais”, foi alvo de críticas por parte de alguns economistas que argumentavam que tais empresas poderiam captar recursos no mercado financeiro sem depender do apoio estatal.
Recentemente, o BNDES reduziu sua participação na processadora de carnes JBS, de 20,81% para 18,18%, conforme anunciado em 20 de maio.
Na semana anterior, o diretor financeiro e de mercado de capitais do banco, Alexandre Abreu, indicou que a venda de ações de empresas consideradas maduras poderia ocorrer dependendo da avaliação dos preços.
No entanto, o banco mantém interesse em não negociar participações consideradas estratégicas, como as da Petrobras e da Eletrobras, conforme sinalizou Abreu em maio.
O governo liderado por Lula defende um papel ampliado do BNDES, com investimentos em diversos setores da economia, incluindo a indústria.
Entretanto, essa proposta tem gerado preocupações entre economistas que receiam o crescimento excessivo do banco e a reintrodução de políticas adotadas em gestões anteriores do PT.
Em resposta a essas críticas, a diretoria do BNDES enfatiza seu compromisso em direcionar recursos para áreas estratégicas, com ênfase em inovação e na transição energética.