Guilherme Tagiarioli
UOL/Folhapress
Uma nova série de bloqueios de serviços ilegais atingiu o BTV, um dos modelos de TV box pirata mais conhecidos, além de apps como Red Play, Blue TV e Cine Duo. O problema começou no fim de semana devido a uma operação realizada na Argentina, afetando o acesso a esses serviços ilegais, o que gerou muitas reclamações nas redes sociais.
Entre sábado à noite e domingo pela manhã, 22 serviços foram derrubados por uma ação da Procuradoria Federal de Crimes Cibernéticos de San Isidro, em Buenos Aires, a pedido da Alianza, uma associação que combate a pirataria audiovisual na América Latina.
Essa é a segunda onda de bloqueios ocorrida na Argentina que impacta usuários brasileiros. A primeira ação ocorreu no final de agosto, quando a polícia local encontrou o principal centro de comando desses serviços piratas. A primeira série de bloqueios aconteceu no início de novembro, tirando do ar apps como My Family Cinema, Cinefly e Eppi Cinema.
Ao todo, 22 serviços foram desativados, afetando mais de 2 milhões de pessoas. A quantidade de brasileiros impactados não é conhecida exatamente, mas segundo Jorge Bacaloni, presidente da Alianza, mais de 75% dos usuários do Red Play e do BTV eram do Brasil.
A lista completa dos serviços bloqueados inclui ALA TV, Blue TV, Boto TV, Break TV, BTV App, BTV Live, Duna TV, Football Zone, Hot, Mega TV, MIX, NOSSA TV, ONPix, PLUSTV, Pulse TV, Red Box, RedPlay Live, Super TV Premium, Venga TV, Waka TV, WEIV e WeivTV – Nova.
Reclamações de usuários no Brasil
Nas redes sociais, muitos usuários relataram mensagens de erro 503, que indica indisponibilidade do serviço da BTV. No site ReclameAqui, também existem várias queixas, inclusive dizendo que o app parou de funcionar e o site está fora do ar.
Argentina como centro de pirataria
As investigações na Argentina revelaram que o centro de comando dos serviços piratas estava na região de Buenos Aires, local dedicado ao marketing e vendas da pirataria para o mundo. Já a administração, finanças e tecnologia da informação ficam na China. A operação contou com o auxílio da La Liga, que organiza o campeonato espanhol de futebol.
O grupo pirata chegou a ter 6,2 milhões de assinantes globalmente, sendo 4,6 milhões no Brasil. No auge, passaram de 8 milhões. Estima-se que movimentam entre 150 e 200 milhões de dólares por ano, o que equivale a 800 milhões a 1 bilhão de reais.
Entenda a pirataria da TV box
Essas TV boxes ilegais rodam uma versão modificada do Android com aplicativos que acessam conteúdo pay-per-view ou streaming sem autorização, cobrando taxas mensais, semestrais ou anuais. Muitos consumidores acreditam que esses serviços são legítimos, chegando a registrar reclamações em órgãos como ReclameAqui e até na Anatel.
TV boxes piratas não são homologadas pela Anatel, que realiza testes de segurança e certifica os modelos regulamentados e seguros. A circulação desses equipamentos ilegais causa prejuízos à indústria audiovisual e aos consumidores.

