Desde a terça-feira, os membros do Congresso adotaram uma tática de bloqueio contínuo, que inclui desde a ocupação dos plenários na Câmara até um senador se acorrentar à Mesa Diretora do Senado. Essa ação começou logo após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinar prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na noite de quarta-feira (6/8), os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, conseguiram negociar para ganhar tempo com os parlamentares.
Os deputados demandam a votação do chamado “pacote da paz”, proposto pelo senador Flávio Bolsonaro, que compreende a anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, o pedido de impeachment de Moraes e a proposta para eliminar o foro privilegiado.
A obstrução iniciou-se na terça-feira (5/8). Os senadores ocuparam o assento do presidente do Senado, e os deputados repetiram a ação no plenário da Câmara, usando até mesmo fitas para selar a boca. Na madrugada de quarta-feira (6/8), a oposição permaneceu acampada nos plenários, revezando-se a cada cinco horas para assegurar presença contínua.
Protesto no Congresso
- Deputados e senadores ocuparam as mesas da Câmara e do Senado em manifestação contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.
- Oposição pressiona pela aprovação do projeto de anistia e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
- Hugo Motta iniciou oficialmente a sessão na Câmara após negociações em 6/8.
- Davi Alcolumbre organizou sessão virtual no Senado para 7/8.
Em reação, os presidentes convocaram encontros de emergência com líderes políticos em suas residências oficiais. Davi Alcolumbre optou por conduzir uma sessão online, enquanto Hugo Motta ameaçou suspender os deputados que continuassem a paralisação por seis meses. Após longas negociações, o presidente da Câmara retomou sua cadeira e, simbolicamente, abriu a sessão para iniciar o semestre legislativo. Apesar de gritos e protestos, Motta pediu respeito à institucionalidade.
Ele declarou: “Peço que deixem a Mesa trabalhar. Eu acredito que aqui moram as soluções para o país, que devem estar acima de projetos pessoais, eleitorais ou individuais, priorizando o povo e as decisões importantes para a população.”
A sessão foi aberta sem votação, marcando o fim da ocupação. Nos bastidores, partidos do Centrão, como PP e União Brasil, persuadiram os bolsonaristas a deixarem o plenário, sinalizando apoio para dois projetos importantes da oposição: anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e extinção do foro privilegiado, ambos podendo limitar a jurisdição do STF sobre parlamentares. Embora não haja compromisso formal, a oposição considerou essa movimentação uma vitória, com o líder Sóstenes Cavalcante garantindo análise das pautas.
O senador Magno Malta acorrentou-se à Mesa Diretora do Senado, prometendo permanecer até a votação do pacote da paz, afirmando em vídeo que não abandonaria o local mesmo com sanções.
Momentos Diversos: Correntes, Pão de Queijo e Bebê
Na Câmara, o ambiente teve momentos mais descontraídos. O líder da oposição, Zucco, publicou vídeo mostrando o grupo tomando café e pão de queijo, afirmando a continuidade da luta pela votação da anistia.
O deputado Nikolas Ferreira relatou impedimento do grupo para acessar um plenário improvisado, o auditório Nereu Ramos, que depois foi liberado, permitindo a ocupação.
A deputada Júlia Zanatta levou sua filha de 4 meses ao plenário para participar da obstrução. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, anunciou que acionaria o Conselho Tutelar.
No Senado, houve momentos de apelo religioso, com o pastor Jorge Linhares da Igreja Batista Getsêmani orando pelos parlamentares, presente com os senadores Wellington Fagundes, Marcos Rogério, José Medeiros e o deputado Sóstenes Cavalcante.