A expectativa é que o comércio brasileiro alcance uma movimentação recorde de R$ 5,4 bilhões durante a Black Friday deste ano, que acontecerá oficialmente na sexta-feira da próxima semana, dia 28. A previsão é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Esse valor representa um crescimento real de 2,4% em relação ao ano passado, já descontando a inflação.
Fabio Bentes, economista-chefe da CNC, explica que o impacto das vendas não acontece apenas em um único dia, mas ao longo de todo o mês de novembro, característica típica da Black Friday no Brasil.
A Black Friday é atualmente a quinta data mais importante para o comércio brasileiro, ficando atrás apenas do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais.
Os setores com maiores expectativas de vendas são:
- Hipermercados e supermercados: R$ 1,32 bilhão
- Eletroeletrônicos e utilidades domésticas: R$ 1,24 bilhão
- Móveis e eletrodomésticos: R$ 1,15 bilhão
- Vestuário, calçados e acessórios: R$ 950 milhões
- Farmácias, perfumarias e cosméticos: R$ 380 milhões
- Livrarias, papelarias, informática e comunicação: R$ 360 milhões
Fatores que influenciam as vendas
A economia brasileira tem apresentado algumas condições que ajudam a aumentar as vendas, como a desvalorização do dólar, que torna produtos importados mais baratos, a menor inflação e o aumento do emprego e da renda do trabalhador.
A taxa de desemprego no país ficou em 5,6% no trimestre encerrado em setembro, o menor índice da série histórica do IBGE desde 2002.
Por outro lado, fatores que limitam o crescimento das vendas incluem o alto custo dos juros e o endividamento das famílias.
Segundo o Banco Central, a taxa média de juros para créditos pessoais chegou a 58,3% ao ano, o maior nível para essa época desde 2017.
Além disso, 30,5% das famílias estão com contas atrasadas, de acordo com levantamento da CNC.
Também há forte concorrência de lojas internacionais, que influencia as preferências dos consumidores.
Descontos esperados
A CNC monitorou diariamente preços de 150 produtos em 30 categorias e constatou que 70% apresentaram potencial para descontos acima de 5%.
As categorias com maiores descontos são:
- Papelaria: 10,14%
- Livros: 9,02%
- Joias e bijuterias: 9,01%
- Perfumaria: 8,20%
- Utilidades domésticas: 8,18%
- Higiene pessoal: 8,11%
- Moda: 7,82%
A Black Friday no Brasil é inspirada na tradição americana de queima de estoque após o Dia de Ação de Graças, celebrado na última quinta-feira de novembro.
Em 2010, a movimentação financeira da data foi de R$ 1,52 bilhão, envolvendo segmentos como móveis, eletrodomésticos, livrarias, papelarias e utilidades domésticas.
Dicas para o consumidor
Com as promoções, também aumentam os riscos de fraudes, por isso é importante que os consumidores fiquem atentos.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) oferece um guia completo para ajudar a evitar golpes.
Algumas recomendações importantes incluem:
- Desconfiar de descontos muito altos que pareçam inacreditáveis, pois podem esconder aumento prévio dos preços;
- verificar a reputação da loja em sites de reclamação;
- observar os prazos e políticas de entrega e devolução antes de finalizar a compra;
- preferir sites seguros, identificados pelo ‘https’ e cadeado na barra de endereço;
- Lembrar que compras online têm direito a arrependimento em até sete dias com reembolso;
- Em casos de problemas, denunciar em consumidor.gov.br ou nos Procons locais.
Atenção aos golpes usando inteligência artificial
Pesquisa recente no site Reclame Aqui revelou que 63% dos consumidores têm dificuldade em identificar golpes que usam inteligência artificial.
O escritório Baptista Luz Advogados, parceiro do site, destaca sinais para desconfiar desses golpes:
- vídeos e vozes artificiais com falas descoordenadas ou voz robótica;
- anúncios com celebridades em situações incomuns;
- mensagens muito formais e com erros sutis de escrita;
- perfis falsos com pouca ou nenhuma atividade nas redes sociais;
- imagens distorcidas ou logos alterados;
- comunicação que imita atendimento humano, mas com respostas genéricas.
